Não decolou

Depois do ‘pibinho’ de 2019, país sofre tombo no primeiro trimestre

Queda foi de 1,5% em três meses. O IBGE cita a pandemia, mas efeitos das medidas começaram apenas em março: a economia já vinha mal

Suframa
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Atividade industrial acompanhou o setor de serviços na queda. Só agropecuária cresceu

São Paulo – O Produto Interno Bruto (PIB) teve retração de 1,5% no primeiro trimestre, segundo o IBGE. Na comparação com igual período de 2019, tem variação de -0,3%. No acumulado em quatro trimestres, até março, fica abaixo de 1% (0,9%). Em valores correntes, o PIB soma R$ 1,803 trilhão.

O instituto explica o resultado como reflexo da pandemia e do isolamento social, mas essas medidas começaram efetivamente apenas em março. Os dados anteriores indicam que a atividade já apresentava ritmo fraco, a despeito de o ministro Paulo Guedes ter dito que a economia estava “decolando”. Os PIBs trimestrais, em 2019, variaram de 0,2% a 0,5%, enquanto o acumulado em quatro trimestres sempre ficou na casa de 1% – o de 2019, apelidado de “pibinho”, foi de 1,1%.

Do quarto trimestre de 2019 para o primeiro deste ano, o setor de serviços caiu 1,6% e a indústria recuou 1,4%. Apenas a agropecuária avançou, 0,6%. Na comparação com igual período do ano passado, queda na indústria (-0,1%, sendo -0,8% no setor de transformação e -1% na construção) e nos serviços (-0,5%), enquanto a agropecuária cresce (1,9%), com destaque para a produção de soja.

Consumo

O consumo das famílias (R$ 1,2 trilhão) caiu 2% no primeiro trimestre. Também cai (-0,7%) se comparado com a igual período de 2019. “Esse resultado pode ser explicado pela pandemia aliada ao distanciamento social que afetou negativamente o mercado de trabalho, prejudicando a demanda, além dos efeitos sobre a oferta”, diz o IBGE. Na soma de quatro trimestres, sobe 1,3%.

A taxa de investimento correspondeu a 15,8% do PIB, acima do primeiro trimestre de 2019 (15%). Mas longe de seus melhores momentos, quando chegou a superar 21%. A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), indicador de investimento, sobe 3,1% no trimestre, 4,1% ante 2019 e 3% no acumulado.

Também na soma dos quatro últimos trimestres, as exportações brasileiras recuaram 2,7%. Já as importações cresceram 2,9%.

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