Desemprego

Mercado de trabalho ‘anda de lado’, mas sem desastre à vista, diz pesquisador

Taxa de desemprego ficou estável em junho, segundo a Fundação Seade e o Dieese. Tendência é de que fique um pouco menor no segundo semestre

Mário Ângelo/Sigmapress/Folhapress

Cartazes com oferta de emprego no centro de São Paulo. Para Seade, não há motivo para acreditar em mudança

São Paulo – A taxa média de desemprego medida pela pesquisa Dieese/Fundação Seade ficou estável em junho nas regiões metropolitanas onde o levantamento é realizado.  Passou de 10,9%, em maio, para 10,8%. Na Grande São Paulo, foi de 11,4% para 11,3%. Mais uma vez, o resultado – no caso de São Paulo – foi determinado, principalmente, pela saída de pessoas do mercado de trabalho. Mesmo nas demais regiões, pouca gente tem procurado emprego, o que evita pressão sobre a taxa. “Continuamos andando de lado. Está coerente com outros indicadores de atividade”, observa o coordenador de análise do Seade, Alexandre Loloian. Ao mesmo tempo, ele rebate quem vê sinais negativos no mercado de trabalho para o próximo período.

“Não acho que tem nenhum desastre apontando. Não tem por que imaginar que o desemprego vai aumentar”, afirma o pesquisador. Ele observa que, quando acompanha a variação da população economicamente ativa (PEA) e da ocupação (empregos criados), a curva mostra inclinação mais forte no segundo caso. Ou seja, a tendência é de que o mercado crie vagas em número maior do que a de pessoas à procura de trabalho. Especificamente no segundo semestre, a tendência é de redução das taxas de desemprego.

Loloian identifica conservadorismo em análises que relacionam baixo desemprego a pressão de custos, especialmente sobre a inflação – e, de certa forma, “torcem” para que o desemprego aumente. “A perda de competitividade, em especial da indústria brasileira, não tem nada a ver com salário. Foi mais por conta de câmbio, juro, infraestrutura. É aquele pensamento conservador”, comenta. É, claro, acrescenta, que 2015 exigirá ajustes, mas em itens como contas públicas e câmbio.

As seis regiões metropolitanas pesquisadas têm hoje estimados 20,835 milhões na PEA, sendo 18,582 milhões de ocupados e 2,253 milhões de desempregados. Na comparação com junho do ano passado, a PEA teve variação de 0,7%, o correspondente a 151 mil pessoas a mais no mercado. A ocupação cresceu 0,8%, acréscimo de 146 mil vagas, enquanto o desemprego praticamente não variou (0,2%, mais 5 mil). De maio para junho, esses números quase não se movem: 0,1% para a PEA, 0,1% para a ocupação e -0,6% para o desemprego.

Em relação as taxas, também na comparação com junho de 2013, o indicador recua em três regiões (Fortaleza, com 7,4%, Porto Alegre, com 5,7%, e Salvador, com 18,2%). Sobe em duas (Belo Horizonte, para 7,8%, e Recife, para 12,9%) e permanece estável em São Paulo (11,3%).

A indústria de transformação segue motivo de preocupação, particularmente em São Paulo. Em junho, houve pequena recuperação do emprego, mas, no primeiro semestre, a indústria na região metropolitana paulista fechou 108 mil vagas (-6,3%). O comércio também teve queda forte, de 9%, com eliminação de 158 mil postos de trabalho. “Espero que este seja o fundo do poço”, diz Loloian, referindo-se ao comércio. “Impossível não fazer relação com a Copa.” Ele acredita que também houve certo “clima de terror” que atingiu a economia e aguarda recuperação. “No ABC, o comércio já cresceu (em junho), por exemplo.”

O crédito está fraco, mas o economista também observa que os níveis de inadimplência não estão crescendo. Este pode ser um período de “maturação” após um longo processo de expansão.

A formalização segue crescendo, mas em ritmo menor. Em 12 meses, as seis regiões criaram 135 mil postos de trabalho com carteira assinada, alta de 1,4%.

O rendimento médio dos ocupados, estimado em R$ 1.725, caiu 0,9% no mês (neste caso, de abril para maio) e cresceu 3,5% em 12 meses. A massa de rendimentos tem expansão de 4,7%.

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