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Eleições em Portugal: socialistas vencem e vão atrás de nova ‘geringonça’

Atual primeiro-ministro António Costa anunciou intenção de negociar novo acordo com o Bloco de Esquerda, terceira força eleitoral do país

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Antonio Costa chega para votar nas eleições legislativas: situação bem melhor que a de 2015

São Paulo – O Partido Socialista (PS) venceu as eleições legislativas realizadas em Portugal neste domingo (6). Às 22h47, com 98,98% das urnas apuradas, a legenda contava com 106 cadeiras das 230 do parlamento. Quatro assentos ainda permaneciam indefinidos. Sem a maioria absoluta de 116 parlamentares, o atual primeiro-ministro António Costa manifestou disposição de articular uma nova aliança à esquerda para formar o governo.

“Os portugueses gostaram da ‘geringonça'” e por isso o PS vai “procurar renovar esta solução política”, declarou, na reta final da apuração, o líder do PS.

Para a coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, o resultado deste domingo é uma “derrota histórica para a direita”.  Segundo ela, a legenda “manifesta a sua disponibilidade” se o PS “precisar de maioria” para a continuidade da “reposição de direitos” ou em “negociações ano a ano para cada orçamento”.

Na segunda posição ficou o Partido Social Democrata, agremiação de centro-direita, com 77 cadeiras, e em terceiro o Bloco de Esquerda, com 19.

Avanço da esquerda

Para os socialistas, o resultado significa um salto em relação às eleições de 2015. Na ocasião, elegeram 86 deputados, ficando em segundo lugar na disputa, atrás da coligação PSD-CDS, com 107 parlamentares.

À época, o resultado não foi suficiente para que a coalizão vencedora conseguisse formar o governo, já que a direita e centro-direita acabaram perdendo a maioria parlamentar. Assim, o PS formou com o Bloco de Esquerda e os comunistas o novo governo, implementando medidas que foram na contramão da austeridade financeira que levou o país ao recorde de desemprego de 17% em 2013. O novo governo adotou medidas anticíclicas como o aumento dos salários das aposentadorias, que haviam tido fortes cortes durante a crise econômica.

Diferentemente do restante da Europa, Portugal cresceu 3,5% em 2017 e 2,4% em 2018, com o desemprego se reduzindo à metade e voltando ao seu nível anterior à crise, chegando a 6,4% em julho.

“Ficou demonstrado que a aposta num modelo de coesão social e não de polarização econômica e social não é incompatível com contas públicas equilibradas. Ao contrário do que a Troika e o governo das direitas diziam, a subida do salário mínimo nacional ou das pensões mais baixas não fez aumentar o desemprego, e a devolução de direitos sociais que tinham sido cortados não conduziu, ao contrário do que apregoavam a Troika e o governo das direitas, a uma recessão econômica”, afirmou, em entrevista à RBA em 2017, o deputado do Bloco de Esquerda José Manuel Pureza.