dois pesos

Moro prova do próprio veneno com vazamentos e deixa perguntas sem resposta

Mas o que mais incomoda na postura do ex-juiz é seu desprezo pelo 1 milhão de empregos que a Lava Jato já eliminou nos setores com que mexeu

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Efeito da operação Lava Jato nos empregos: demissão de mais de um milhão de pessoas no Brasil

O ministro e ex-juiz de primeira instância Sergio Moro reclama, no Senado, que o site jornalístico The Intercept Brasil não tem divulgado todas as conversas que possui dele e do procurador do Ministério Público Federal Deltan Dallagnol. A reclamação, no entanto, é idêntica à das defesas de vários acusados da operação Lava Jato contra o então juiz Moro, de que ele não divulgava as informações sobre o processo acusatório para que pudessem exercer o amplo direito à defesa.

Moro reclama também da forma paulatina em que as conversas estão sendo divulgadas pelo The Intercept Brasil e, mais uma vez, esse modus operandi seria idêntico ao que ele fez enquanto chefiava o grupo das investigações da Lava Jato.

O ex-juiz também ataca a reputação do site noticioso, desqualificando o acusador, mas para condenar inocentes também atacou a reputação dessas pessoas pela mídia. Agora, prova do próprio veneno.

Por tudo que ele fez e como conduziu a Operação Lava Jato, se tornou culpado até que prove a sua própria inocência. Como fez ao inverter o ônus da prova em seus julgamentos.

Seria bom que o Senado convocasse o jornalista Glenn Greenwald, do The Intercept Brasil para ouvi-lo também. E quem sabe realizar uma acareação entre os dois.

Moro deixou de responder várias perguntas, mas o que mais incomoda é o seu desprezo sobre os efeitos da operação Lava Jato nos empregos, que resultou em demissão de mais de 1 milhão de pessoas no Brasil, nos setores das empresas investigadas.

Ele poderia ter poupado os trabalhadores e condenado os infratores e não as empresas. Moro não sabe o que é bater de porta em porta em busca de um emprego e não conseguir.

  • Rafael Marques é presidente do Instituto Trabalho, Indústria e Desenvolvimento (TID-Brasil) e ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC