Menos contestadora, banda O Rappa volta aos palcos e lota show em São Paulo

Um dos pontos altos em toda a carreira de O Rappa, e dessa vez não foi diferente, foi a edição e seleção de vídeos exibidos durante o show (Foto: © […]

Um dos pontos altos em toda a carreira de O Rappa, e dessa vez não foi diferente, foi a edição e seleção de vídeos exibidos durante o show (Foto: © Stephan Solon/Divulgação)

São Paulo – Mesmo o atraso de uma hora e 20 minutos foi incapaz de arrefecer o ânimo dos milhares de fãs que lotaram a casa de shows Via Funchal, em São Paulo, para ver o retorno aos palcos da banda carioca O Rappa, na noite de sábado (29). E mesmo depois de um show de 3 horas – o que confirma que longa duração não é necessariamente uma qualidade – preenchidas por quase 30 músicas, Falcão, Xandão, Lauro, Lobato e DJ Negralha deixaram a sensação de que o retorno poderia ter sido muito mais empolgante, que a banda conhecida por letras de forte cunho social não é mais tão contestadora assim, mas ainda é capaz de mover uma quantidade gigantesca de adoradores.

Um dos pontos altos em toda a carreira de O Rappa, e dessa vez não foi diferente, foi a edição e seleção de vídeos exibidos durante o show. Antes mesmo dos músicos entrarem no palco, uma espécie de micro-documentário era exibida no telão, com trechos de programas de televisão em que foram premiados, depoimentos inéditos deles comentando a tal volta, após dois anos ausentes dos palcos, e muitas fotos.

A partir de então, todas as canções eram acompanhadas e ilustradas por imagens bem coloridas, desenhos e mais fotos. Até mesmo a bandeira de São Paulo apareceu em certo momento, ao lado da bandeira brasileira, assim como muitas imagens do Rio de Janeiro e o nome da cidade. Porém, em alguns momentos, soou exagerada a tentativa da banda de agradar e elogiar São Paulo, ressaltando uma antiga rivalidade entre paulistas e cariocas.

Desse modo, a contestação política e a crítica social ficaram apenas mesmo nas letras de antigos sucessos como “O Salto”, “O Que Sobrou do Céu”, “Reza Vela”, “A Minha Alma”, “Me Deixa”, “Pescador de Ilusões”, “Vapor Barato” (regravação de canção de Jards Macalé e Waly Salomão) e “Hey Joe” (versão de Ivo Meirelles e Marcelo Yuka para música de Bill Roberts). Também não faltaram no setlist músicas menos conhecidas de todos os cinco discos de estúdio da banda.

O Rappa (Foto © Stephan Solon/Divulgação)

Porém, algo desanda e o show torna-se arrastado em alguns momentos, principalmente naqueles em que eram tocadas canções do álbum “7 Vezes”, um dos menos conhecidos da banda. Estavam ali, entre outras canções, “Verdade de Feirante”, “Hóstia”, “Vários Holofotes” e “Monstro Invisível”, que muito provavelmente ocuparam o lugar das ausentes, mas muito aguardadas, “Miséria S.A.”, “Ninguém Regula a América” e “Instinto Coletivo”.

A opção pelos greatest hits, mais enxuto e empolgante, talvez fosse mais apropriado. Afinal, para uma volta se justificar, é preciso provar a todos a falta que a ausência fez e a saudade que provocou. Esse é o caso de O Rappa, uma das melhores bandas do pop rock nacional, que, infelizmente, não comprovou as expectativas no show.

 

Leia também

Últimas notícias