‘No nosso governo será abolido o complexo de vira-lata’, afirma Lula em Belém
Em ato com artistas e produtores na capital paraense, ex-presidente promete “revolução” no incentivo à produção cultural
Publicado 01/09/2022 - 16h31
São Paulo – Em um “Ato da Cultura” em Belém, nesta quinta-feira (1º), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a afirmar que, como na área da educação, “é preciso parar de tratar a cultura como gasto”. Segundo ele, verbas dirigidas ao setor são investimento. “A cultura pode gerar muitos empregos, e gera prazer, alegria, conhecimento. Vamos retomar o Ministério da Cultura e criar comitês estaduais de cultura”, disse o candidato do PT à Presidência. O evento foi realizado no belo Teatro da Paz, na capital do Pará.
Lula disse que, em um eventual futuro governo seu, o país “vai readquirir o respeito no mundo”. “Os americanos vão nos respeitar, porque no nosso governo será abolido o complexo de vira-lata. Vamos querer ter uma relação civilizada com todos os países do mundo”, prometeu. Como em outras oportunidades, lembrou que “o último contencioso do Brasil foi na guerra do Paraguai” (1864-1870).
Ele criticou o postura de Jair Bolsonaro, que nos três anos e meio de mandato fez a pior política externa de quem se tem notícia na história do país. “Ele brigou tanto com a Venezuela que, quando não teve oxigênio em Manaus, foi a Venezuela que salvou muita gente”, afirmou. Durante a pandemia de covid-19, o país governado por Nicolás Maduro doou oxigênio para o Amazonas enfrentar a crise da falta de oxigênio hospitalar no estado.
O candidato citou uma fala de Chico Buarque para definir o caráter da política externa de Bolsonaro. “Não fale grosso com a Bolívia e fino com os Estados Unidos.” O ex-presidente defende retomar as relações internacionais “com os que mais necessitam”. No caso da África, devido à divida histórica do Brasil com o continente que nos enviou os escravos.
Civilidade, nacionalidade e respeito
Voltando à cultura, Lula retomou a crítica a Bolsonaro. “Se dependesse de alguns governantes, a cultura seria um departamento do ministério da Agricultura”, ironizou. Segundo ele, a área é uma das mais importantes de um país. “A cultura de um povo dá civilidade, dá nacionalidade e respeito.”
Ele prometeu uma “revolução”, mas ressalvou: “A nossa revolução cultural não é a queimada de livros. Será aumentar a produção de livros e a leitura de livro”. O petista voltou a defender a nacionalização das culturas regionais. “Não é mais possível, no século 21, as TVs não terem programação estadual. Por que não tem programação com os artistas locais?”, questionou.
De modo geral, Lula se comprometeu, em Belém, a recuperar a economia, o poder aquisitivo do salário mínimo e criar empregos. Falou ainda em investir na educação, do ensino fundamental às universidades, além da ciência e tecnologia.
Calote na cultura
Presente ao evento, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) falou sobre a Medida Provisória 1.135/2022, que permite ao governo federal adiar para 2023 e 2024 repasses ao setor da cultura e eventos artísticos, como previsto nas leis Paulo Gustavo e Aldir Blanc 2. O texto é, na verdade, a legalização do calote contra o setor, após o Congresso Nacional derrubar os vetos de Bolsonaro contra as leis.
Randolfe falou da “tragédia” promovida por Bolsonaro nos últimos anos no país. “E se tem um lugar em que a tragédia se abateu com força foi com os produtores culturais. A última maldade está sendo combatido sendo no Congresso, seja no STF. Não passarão”, prometeu. A oposição se movimenta para que o presidente do Senado e do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), devolva a MP a Bolsonaro.
À noite, Lula e campanha segue a agenda em Belém, em ato no Espaço Náutico Marine Clube. Nesta sexta (2), pela manhã, tem encontro com povos indígenas no Parque dos Igarapés, também na capital do Pará.