São Paulo – Em 12 de setembro de 1911, era inaugurado o Teatro Municipal de São Paulo, no denominado terreno do Morro do Chá, em São Paulo. Quase 100 anos depois, está em cartaz, até 30 de janeiro, na Passagem Literária da Consolação, localizada entre a rua da Consolação e a avenida Paulista, uma exposição fotográfica que relembra parte da história dessa que é uma das mais importantes casas de espetáculos do país. 

Idealizado nos moldes dos melhores teatros do mundo para atender principalmente à ópera, o Teatro Municipal foi projetado pelos arquitetos italianos Cláudio Rossi e Domiziano Rossi, sob responsabilidade do também arquiteto Ramos de Azevedo. Construído em oito anos, o teatro possui arquitetura exterior com traços renascentistas barrocos do século XVII e foi inaugurado com a ópera “Hamlet”, de Ambrósio Thomas.

A exposição, com curadoria de Dario Bueno, é uma iniciativa da Associação Via Libris, que mantém um sebo de livros e cuida da manutenção e do acervo cultural do espaço, em parceria com a Subprefeitura da Sé. Entre os destaques, estão várias fotografias ampliadas do Teatro Municipal em diferentes momentos ao longo desses 100 anos e cartazes e fotos de apresentações como a dos meninos cantores de Viena, do Baile de Gala do carnaval de 1932 e da Temporada Lírica de 1940. 

Vale a pena prestar atenção também no cartaz da apresentação da ópera “Aída”, de Giuseppe Verdi, realizada em auxílio às vítimas da Guerra da Itália de 1945. Essa, na verdade, foi um dos últimos conflitos da Segunda Guerra Mundial, que contou com a presença de soldados da Força Expedicionária Brasileira (FEB), enviados com o auxílio da Força Aérea Brasileira (FAB).

Transformado num dos cartões-postais de São Paulo, o Teatro Municipal também foi palco de marcos da cultura brasileira, caso da Semana de Arte Moderna de 1922, que reuniu, em 13, 15 e 17 de fevereiro, artistas como o maestro Heitor Villa-Lobos, os artistas plásticos Di Cavalcanti, Anita Malfatti e Tarsila do Amaral, o escultor Victor Brecheret e os escritores Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Menotti Del Pichia, entre outros. Esse fato, porém, é ignorado pela exposição, que, devido à má organização, exige do espectador esforço para enxergar alguns cartazes e fotos escondidos atrás de um corredor e de um muro de vidro.

A falta de organização da exposição faz com que o visitante precise ter um conhecimento prévio da história do Teatro Municipal de São Paulo e se esforce para observar cartazes e fotos, que não são acompanhados de qualquer tipo de legenda e explicação, e, diante da riqueza dessa história, apresentam-se em número bastante reduzido. Portanto, a visita merece ser realizada, até por tratar-se de um espaço público e gratuito, mas aguarda-se que, durante 2011, esse centenário receba muito mais homenagens à altura. Nesse sentido, a direção do teatro, que passou recentemente por uma grande reforma, promete uma programação bastante especial ao longo do ano.