Em novo filme, ‘Viagens de Gulliver’ é comédia infantil

Mulheres passam em frente de cartaz do filme “As Viagens de Gulliver” com Jack Black, em frente ao hotel Carlton, no Festival de Cannes (Foto: Christian Hartmann/Arquivo/Reuters) São Paulo – […]

Mulheres passam em frente de cartaz do filme “As Viagens de Gulliver” com Jack Black, em frente ao hotel Carlton, no Festival de Cannes (Foto: Christian Hartmann/Arquivo/Reuters)

São Paulo – Em sua concepção original, “As Viagens de Gulliver” é um romance satírico que faz comédia a partir da política. A versão que chega aos cinemas, no entanto, é apenas uma releitura infanto-juvenil da obra clássica do século 18 de Jonathan Swift, cuja nova tradução acaba de ser lançada no país.

Estreando em circuito nacional, em cópias normais e 3D — todas em versões dubladas e legendadas –, o filme “As Viagens de Gulliver” deixa de lado o que há de mais sagaz no original, transformando-se numa sucessão de incidentes e caretas de Jack Black, que interpreta Lemuel Gulliver, um sujeito que trabalha no setor de correspondências de um jornal e sonha namorar a editora de viagem, Darcy (Amanda Peet).

Quando ele finge ser um excelente jornalista, plagiando trechos de diversas fontes, ela lhe encomenda uma reportagem no Triângulo das Bermudas, onde ele e seu barco são tragados por um redemoinho, indo parar em Liliput, terra habitada por criaturas minúsculas. Se primeiramente ele é visto com um grande perigo — é chamado de “a besta gigantesca” — depois acaba se transformando em salvador e conquista a amizade do rei (Billy Connolly) e sua família, além de um lugar de destaque no Exército, para desespero do general Edward (Chris O’Dowd), namorado da princesa (Emily Blunt).

Dirigido por Rob Letterman (“Monstros vs Alienígenas”), “As Viagens de Gulliver” padece dos males que rondam a maioria dos filmes voltados para crianças e jovens: a vontade excessiva de ser descolado.

Das várias referências pop — especialmente aquelas que remetem aos filmes do estúdio Fox, que também produziu este — à presença de Black, o longa não é capaz de gerar muitos risos, porque já nasce com cara de dèjà vu.

O Gulliver do século 21 é um nerd assumido e covarde por natureza. Em Liliput, onde não é conhecido, inventa que é presidente dos Estados Unidos e usa partes do enredo de filmes, como “Avatar”, “Titanic” e “Star Wars”, para encenações que lembrariam aventuras reais de sua própria vida.

A imagem mais conhecida do livro — Gulliver náufrago numa praia amarrado por cordas, enquanto homenzinhos minúsculos andam sobre ele — permanece, mas apenas esse detalhe parece ter sido fonte de inspiração para o diretor. O efeito de terceira dimensão, por sua vez, parece quase inexistente na maioria das cenas.

As imagens não apresentam textura ou profundidade que justifiquem que o espectador pague o ingresso mais caro.

(Fonte: Reuters)

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