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Educadores das Fábricas de Cultura entram em greve e protestam na sede da gestora

Trabalhadores avaliam que programa criado pelo governo Alckmin está sendo sucateado, com risco de demissões, redução de atividades e diminuição de salários

Arte-Educadorxs em Greve

Os arte-educadores apresentaram as reivindicações durante o protesto realizado hoje na sede da Poiesis

São Paulo – Arte-educadores das Fábricas de Cultura administradas pela Organização Social (OS) Poiesis iniciaram hoje (23) greve por tempo indeterminado contra a demissão de trabalhadores, cortes salariais e redução no tempo de atividades desenvolvidas com crianças e jovens nas cinco unidades do programa criado pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB). Neste momento, eles estão realizando uma manifestação na sede da OS, na Luz, região central de São Paulo, e devem ser recebidos nesta tarde pela direção da Poiesis.

“Querem reduzir nosso salário diminuindo a carga horária de trabalho de 80 para 64 horas, reduzir o tempo e o número de atividades – chamadas ateliês. Ontem (22), 12 educadores que participavam da mobilização foram demitidos”, relatou a educadora Ana Sharp, uma das demitidas. As cinco Fábricas – Capão Redondo, Jardim São Luís, Vila Nova Cachoeirinha, Jaçanã e Brasilândia – mantêm oficinas gratuitas como circo, teatro, e dança. Essas atividades têm carga de três horas, mas a entidade quer reduzir para duas horas e meia, segundo os educadores.

Dos demitidos, quatro são da unidade Jardim São Luís, seis do Capão Redondo, um da Vila Nova Cachoeirinha e outro do Jaçanã

“Eu estou na Fábrica de Cultura do Jardim São Luís desde a abertura, em 2012. Nunca tive reclamação sobre o meu trabalho. Minhas atividades estavam sempre cheias. Fui demitida sem nenhuma justificativa que não seja ter participado da mobilização”, disse Ana.

Segundo ela, desde o início do ano, os educadores estão tentando diálogo com a Poiesis para saber como ficaria o regime de trabalho e funcionamento das cinco Fábricas de Cultura, já que no meio do ano haveria uma nova licitação. “Infelizmente, sabemos que no sistema de gestão por OS a cada nova licitação aumenta a precarização do serviço, corta-se verbas. A Poiesis sempre negou. Até que no dia 20 deste mês mudaram o discurso e anunciaram as mudanças”, explicou Ana.

No final de maio, os aprendizes da unidade Capão Redondo ocuparam a Fábrica. Além dos problemas estruturais, os jovens reclamam do autoritarismo do coordenador da unidade. Segundo os ocupantes, a gestora proibiu os educadores de realizar as atividades e determinou o fechamento da biblioteca. Mesmo assim, os aprendizes vêm realizando várias atividades do cronograma da unidade, inclusive a abertura da biblioteca para a comunidade. O rapper Mano Brown, do grupo Racionais MCs, participou de um bate-papo e fez um pequeno show no local.

“A Poiesis está fazendo terrorismo contra a comunidade, ligando para as famílias dos aprendizes e dizendo que está havendo depredação, que os educadores estão fazendo a cabeça dos jovens. O que queremos é evitar que o programa seja sucateado e o atendimento a essas comunidades perca qualidade e variedade de atividades”, ressaltou Ana.

A Poesis não retornou atendeu à reportagem. Além das Fábricas de Cultura, a entidade administra 15 Oficinas Culturais do governo estadual e os espaços culturais Casa das Rosas e Museu Casa Guilherme de Almeida. A OS tem como diretor executivo o fundador do PSDB e ex-ministro da Casa Civil do governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), Clóvis de Barros Carvalho.

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