Drama recupera trajetória do grupo Baader Meinhof

Filme alemão estreia em São Paulo, Rio e Porto Alegre. Leia também o comentário no blog do Velho Mundo, por Flávio Aguiar

Grupo nasceu durante os protestos estudantis na Alemanha, sobretudo em Berlim, ao final dos anos 60 (Foto: Divulgação)

São Paulo – Indicado ao Oscar de filme estrangeiro 2009, “O Grupo Baader Meinhof” traz às telas uma versão quase documental sobre a organização terrorista RAF (Facção Armada Vermelha), que travou uma violenta guerra contra o establishment alemão e o “imperialismo americano” durante a década de 1970. O filme estreia em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre.

Longe de qualquer defesa ou ataque moral ao grupo de jovens idealistas, o drama relata como foram orquestradas as principais ações da RAF e as consequências da queda de braço com o Estado alemão. Mostra, assim, como a lógica extremista do “olho por olho” fez da luta por uma sociedade mais justa uma guerrilha urbana sangrenta com desdobramentos políticos internacionais.

A veracidade do que se vê na tela tem uma explicação. O roteiro, assinado pelo produtor Bernd Eichinger (“A Queda! – As Últimas Horas de Hitler”), segue de forma fiel o livro “Der Baader-Meinhof Komplex”, do jornalista Stefan Aust. Assim, traça uma linha temporal dos eventos que culminaram no que ficou conhecido como “Outono Alemão” (1977), com o dramático sequestro do avião Landshut, da Lufthansa, e a morte dos principais líderes da RAF.

Tal como no livro, a história tem início em 1967, quando um estudante é baleado pela polícia durante um protesto. Nas revoltas estudantis que se deflagram a partir daí, une-se à causa a jornalista Ulrike Meinhof (Martina Gedeck, de “A Vida dos Outros”) e o casal extremista Andreas Baader (Moritz Bleibtreu, de “Corra Lola, Corra”) e Gudrun Ensslin (Hohanna Wokalek), que fundam o RAF.

Com a ajuda de outros companheiros, eles planejam e executam elaborados planos de assalto a bancos, sequestros e ataques à bomba a prédios públicos. Enquanto isso, o comandante de polícia Horst Herold (Bruno Ganz, de “O Leitor”) busca antecipar os passos do grupo, reelaborando as táticas policiais de combate ao terrorismo.
Como o livro é baseado em documentos originais, grande parte dos diálogos travados no filme tem base real, trazendo ao espectador um retrato mais verossímil a tudo o que se vê. Coube ao diretor Uli Edel tornar atraente a complexa narrativa, que envolve mais de 200 personagens.

O resultado é uma competente crônica da ascensão e declínio de um ideal e uma eficiente produção, que mescla informação e bom cinema, digna de sua indicação ao Oscar (prêmio concedido ao japonês “A Partida”, de Yojiro Takita, ainda em cartaz nos cinemas).

Com o filme, Uli Edel fecha também sua trilogia sobre diversas formas da violência: a política, “O Grupo Baader Meinhof”; a social, “Noites Violentas no Brooklyn”; e a autodestrutiva, “Eu, Christiane F., 13 anos, Drogada e Prostituída”.
(Por Rodrigo Zavala, do Cineweb)

Fonte: Reuters

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