Diretor de teatro transforma cidade de SP em ‘Capital Cultural do Interior’

Aos 50 anos de carreira e apaixonado pela arte de representar, Roberto Vignati cria grupo de teatro Pingo D´Água, em Cordeirópolis-SP, e surpreende com jovens talentos

Ao receber um convite para ir a Cordeirópolis, há  160 km da capital paulista, realizar uma oficina de teatro na cidade, o experiente diretor Roberto Vignati, que fará 50 anos de carreira este ano e acostumado a desafios, não pensou duas vezes. E o que era para durar um mês, virou uma produtiva e apaixonante parceria cultural que já dura cinco anos.

Na cidade, que tem 21 mil habitantes e pouca vida cultural, Vignati encontrou um grupo de jovens talentosos e loucos por teatro e com eles criou o Grupo de Teatro Pingo D´Água – o nome foi tirado de uma das músicas de João Pacífico, ilustre compositor cordeiropolense.

Juntos, diretor e atores convenceram o poder público local a transformar uma antiga subestação abandonada de trens da Fepasa no teatro municipal da cidade. A obra, que levou 45 dias para ser concluída, está localizada no Centro Cultural Ataliba Barrocas e conta com 280 lugares e um palco de 11 metros de largura por 10 de altura. “Uma loucura à parte, mas muito importante para a emencipação cultural da cidade e da região”, celebra o diretor.

Aliás, foi com a peça “João Pacífico, o poeta do sertão”, escrita e dirigida pelo próprio Vignati, que o grupo deu início a sua trajetória de apresentações em 2006, quando da inauguração do teatro. O espetáculo ganhou 25 prêmios em vários festivais nacionais, entre eleso Prêmio Mapa Cultural do Estado em 2008, concorrendo com mais 100 outros espetáculos.

De lá para cá, “Anjo Torto”, inspirada na vida e obra de Carlos Drummond de Andrade; “Ibicaba, a terra prometida”, peça em dois atos que aborda a transição da mão de obra escrava pelo trabalho dos imigrantes no Brasil; “Essa preciosa gotinha de saudade” , também inspirada na vida de João Pacífico; e, por último, “Casais muito liberais”, adaptado de texto de Dario Fo (prêmio nobel de literatura em 1997) e Franca Rame, compõem o conjunto de encenações do grupo.  Em 2010, a parceria continua com a retomada de “Casais muito liberais”, espetáculo que o Pingo D’Água pensa em levar para fora do Estado.

Segundo a imprensa local, o sucesso da trupe já projetou Cordeirópolis e toda a região para o cenário nacional do teatro, transformando a cidade na Capital Cultural do Interior do Estado.  Ao todo, mais de 8 mil pessoas – de todo o estado – já prestigiaram os espetáculos do grupo na cidade.