Protesto

Contra sucateamento, jovens ocupam Fábricas de Cultura de Alckmin na zona sul de SP

Aprendizes se opõem a cortes de verbas, demissão de educadores e redução do tempo de atividades

aprendizes

Fábrica de Cultura no Jardim São Luís foi ocupada na manhã de hoje contra os cortes de verbas para atividades

São Paulo – As Fábricas de Cultura do Capão Redondo e do Jardim São Luís*, equipamentos da Secretaria da Cultura do governo de Geraldo Alckmin (PSDB), ambas na zona sul da capital paulista, estão ocupadas pelos aprendizes das unidades em protesto contra cortes de verbas, falta de materiais, redução do tempo de atividades e demissão de profissionais. Administradas pela Organização Social (OS) de cultura Poiesis, as unidades existem desde 2012 e realizam atividades gratuitas como circo, teatro, dança, entre outras. Mas neste ano começaram a reduzir as ações e demitir educadores.

“A fábrica foi ocupada contra os cortes: de horários de ateliês, de funcionários, de tempo de planejamento dos educadores. Vários cortes que, no fim, significam sucateamento”, disse a estudante Ana Secunda, que participa da ocupação da unidade do Jardim São Luís, que começou na manhã de hoje (16). Durante a ação, um jovem, que não teve o nome revelado, foi detido pela Polícia Militar (PM), mas liberado no início da tarde.

Já a unidade do Capão Redondo está ocupada desde 25 de maio. No entanto, segundo os ocupantes, a organização gestora proibiu os educadores de realizar as atividades e determinou o fechamento da biblioteca. Mesmo assim, os aprendizes vêm realizando várias atividades do cronograma da unidade, inclusive a abertura da biblioteca para a comunidade. Na semana passada, o rapper Mano Brown, do grupo Racionais MCs, participou de um bate-papo e fez um pequeno show no local.

Segundo Ana, a OS Poiesis já admitiu aos aprendizes que vai demitir 25% dos trabalhadores, reduzir a carga horária dos ateliês de três horas para duas horas e meia e deixar de remunerar as atividades de planejamento dos educadores, correspondente a 16 horas de trabalho mensais. “Eles dizem que isso é necessário por conta da crise”, afirmou. Os ocupantes querem garantias de que a verba e as ações serão mantidas e que os profissionais não serão demitidos.

Por meio de nota, a Poiesis informou apenas que “o programa Fábricas de Cultura passou por uma readequação orçamentária e a Poiesis assegura o atendimento de qualidade aos usuários, sem redução no número de vagas oferecidas”.

As Fábricas de Cultura foram propostas por Alckmin em 2011. A primeira foi a do Jardim São Luís, inaugurada em 11 de fevereiro de 2012. Depois vieram as unidades do Capão Redondo, Vila Nova Cachoeirinha, Jaçanã e Brasilândia – estas três na zona norte da capital paulista. Os aprendizes criaram páginas nas redes sociais para divulgar informações sobre as ocupações no Capão Redondo e no Jardim São Luís.

*ATUALIZAÇÃO: Por volta de 20h, os aprendizes que ocupavam a unidade do Jardim São Luís deixaram o local e não consolidaram a ocupação.