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Com 30 anos de história, movimento social do ABC vira protagonista em documentário

Intitulado 'Vidas e Vielas, a História do Movimento de Favelas de Santo André', o filme se propõe a denunciar o déficit de moradia no ABC

Arquivo ABCD Maior

No documentário, quem conta a história de luta do movimento é quem a vive

São Paulo – Com aproximadamente três décadas de atividade, representantes do Movimento de Defesa dos Direitos de Moradores em Favelas de Santo André (MDDF) resolveram transformar a trajetória de luta da organização em um documentário que será lançado hoje (10), a partir das 19h, no Museu Dr. Otaviano Armando Gaiarsa, no centro de Santo André.

Intitulado “Vidas e Vielas, a História do Movimento de Favelas de Santo André”, o filme se propõe a voltar os holofotes para o déficit de moradia no ABC paulista. Além da apresentação, o evento contará com show dos grupos e artistas que fizeram a trilha sonora, entre eles Rima Inversa, Araújo Paz e Choro do Bebê, e com um debate entre a professora da Universidade Federal do ABC Rosana Denaldi e representantes do MDDF.

“É um instrumento não só das comunidades. Pensamos em algo que pudesse ir para o meio acadêmico, promover debates”, diz o presidente do MDDF, Edi Ferreira dos Santos, ao ABCD Maior. “Buscamos sair desse fluxo de informações onde as universidades ou o poder público relatam as favelas, mas sim que as favelas narrem todo esse processo de construção, de lutas. É o que sentimos falta. Porque o que nós encontramos de registros hoje são coisas muito institucionalizadas.”

A ideia do documentário surgiu em 2012, exatamente com a proposta de fazer um resgate e divulgar a história e as conquistas do movimento, além de atrair novos militantes. Santo André tem hoje pelo menos 140 favelas, em diferentes estágios de urbanização.

Para a realização do filme, foi necessário apenas “boa vontade”, segundo Santos. “Começamos a percorrer as favelas com nossa ‘grande estrutura’: uma câmera fotográfica portátil. Percorremos para fazer registros dos locais e recolher depoimentos.” Ele ressalta que a produção não tem interesse comercial. A intenção é que funcione como “um instrumento para dialogar com a juventude nas comunidades, e não um produto pra vender”.

Além da estreia, os produtores do documentário realizarão pelo menos dez exibições nas comunidades que serviram de palco para o documentário, além de sessões em universidades da região. “A vida na favela é dinâmica. Ela tem muita gente boa produzindo cultura, produzindo arte, trabalhando, estudando. E, muitas vezes, isso não é retratado. A visão da favela é estigmatizada, segmentada. E isso é ruim porque você acaba reforçando preconceitos e criando barreiras na sociedade”, afirmou Edi.

Informações
O que? Estreia do documentário “Vidas e Vielas, a História do Movimento de Favelas de Santo André”
Quando?
Hoje (10), às 19h
Onde?
Museu de Santo André (rua Senador Fláquer, 470, centro de Santo André)
Quanto?
Entrada franca

Com reportagem de Rafael Revadam, do ABCD Maior