Após três anos,chega às telas premiado ‘Meu Mundo em Perigo’

(Foto: Divulgação) São Paulo – Terceiro longa do diretor paulista José Eduardo Belmonte, “Meu Mundo em Perigo” correu perigo de ficar inédito no circuito brasileiro. Nem suas evidentes qualidades, nem […]

(Foto: Divulgação)

São Paulo – Terceiro longa do diretor paulista José Eduardo Belmonte, “Meu Mundo em Perigo” correu perigo de ficar inédito no circuito brasileiro. Nem suas evidentes qualidades, nem os prêmios recebidos no Festival de Brasília 2007 encorajavam os distribuidores, que temiam a melancolia da história.

Superado o preconceito, o filme, que está em cartaz em São Paulo, está sendo lançado também no Rio de Janeiro e Belo Horizonte. A história, que ganhou os prêmios de melhor filme para a crítica, melhor ator (Eucir de Souza) e melhor ator coadjuvante (Milhem Cortaz) em Brasília, é repleta de intensidade humanista.

Elias (Eucir de Souza) é um fotógrafo desempregado, em luta contra a ex-mulher (Justine Otondo) para manter a guarda do filho de 8 anos (Rafael Henrique Miguel). Num dia de descontrole, ele pega o carro, atropela e mata um velho homem (Wolney de Assis), pai de Fito (Milhem Cortaz). Em fuga, Elias refugia-se num hotel do centro velho de São Paulo, atraído pela presença de uma jovem misteriosa, Ísis (Rosane Mulholland, de “Falsa Loira”).

É um universo humano mínimo, em que as emoções em voltagem máxima são retratadas por um uso particularmente inteligente da câmera, que foge das tomadas óbvias. Assim, a batalha pela guarda do menino nos corredores do tribunal é captada por closes rápidos nos rostos e nas bocas dos atores, reproduzindo a histeria da situação com a máxima eficiência.

Da mesma forma, foge-se do óbvio — e evita-se o tédio — na criativa troca de bilhetinhos entre Elias e Ísis sob a porta de seus quartos do hotel, resolvendo o impasse de comunicação por conta da mudez da moça.

“Meu Mundo em Perigo” cresce, assim, pelo acúmulo de seus pequenos detalhes — como o uso da Polaroid pelo fotógrafo que perde de vista o foco de sua vida; o passado colorido (em super-8) de seu romance com a ex-mulher; as inserções de conversas com personagens reais do hotel; as poderosas cenas com veteranos do calibre de Wolney de Assis (“Os Matadores”) e Helena Ignez (“Encarnação do Demônio”), que dão conta em poucas falas de radiografar personagens extremamente dúbios.

O filme muitas vezes se arrisca nas ruas de São Paulo, traduzindo a viagem desencontrada de seus personagens, descrevendo a amizade-romance entre Elias e Ísis, e a procura insegura de Fito pelo matador do pai.

A história se amplia na pele destes personagens, que não saem da cabeça quando a sessão termina. O espectador atento de “Meu Mundo em Perigo” leva o filme dentro da pele.

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb

 

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