Diversidade

Com disco sobre universo dos Orixás, Aline Calixto presenteia as crianças

Cantora e compositora mineira lança primeiro trabalho dedicado ao público infantil, um mergulho nas religiões e na cultura afro-brasileiras

Divulgação
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"Que este trabalho alcance crianças e adultos que não conhecem ou têm uma visão deturpada da nossa fé. Respeito acima de tudo, conhecimento para todos", diz Aline Calixto

São Paulo – O artigo 58 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) determina que no processo educacional devem ser respeitados valores culturais, artísticos e históricos próprios do contexto social dos pequenos. O objetivo seria garantir a eles liberdade de criação e acesso às fontes de cultura. Mas para os afro-brasileiros essa é mais das muitas leis que, como se costuma dizer, não pegaram. Daí a importância do novo disco realizado pela cantora e compositora mineira Aline Calixto. Em pleno Dia da Criança comemorado na terça-feira, 12 de outubro, Pontinhos de Amor foi lançado em todas as plataformas de streaming. O primeiro trabalho de Aline dedicado ao segmento infantil é um “mergulho no universo mitológico dos orixás e entidades, seres divinos e amigos espirituais, cultuados e encontrados nas religiões e cultura afro-brasileiras”.

A compositora conta que quando iniciou esse “mergulho”,  uma das questões que quis trabalhar é o sentimento de pertencimento e valorização das crianças que são ligadas às religiões afro-brasileiras. “O preconceito sempre existiu, mas nos tempos atuais, houve um aumento considerável. Precisamos combater o preconceito e a intolerância religiosa de todas as formas. Acredito que a música possa cumprir um papel importante nesse sentido”, ressalta Aline Calixto. “Que este trabalho, inclusive, alcance outras crianças e adultos que não conhecem ou têm uma visão deturpada da nossa fé. Que possam abrir o ouvido e o coração pra receber ou simplesmente respeitar e entender que são muitos os caminhos que nos conduzem ao sagrado. Nenhum deve se sobrepor ao outro. Respeito acima de tudo, conhecimento para todos.”

Carinho e estudo

A musicalidade de Pontinhos de Amor foi construída com muito carinho e estudo, conta Aline Calixto. O alicerce principal foram as percussões. Criadas com base nos ritmos do Candomblé de Angola – e também amplamente executados em boa parte dos terreiros de Umbanda –, elas se unem a melodias e “barulhinhos”, desenhados por violão, cavaquinho e teclados.

São 15 faixas nas quais a compositora conta cantando um pouco das características de dez orixás. De forma lúdica, ela fala sobre suas personalidades, seus atributos físicos e os elementos da natureza ligados a cada um deles. E relata também entidades encontradas principalmente nos terreiros de Umbanda, a religião seguida por Aline. O disco traz ainda, como faixa bônus, uma historinha chamada Festa no Aiyê. “São nossos espíritos amigos. Cheios de amor e sabedoria, que estão sempre dispostos a dividir conhecimento e nos abençoar”, diz a cantora mineira. 

Entre as faixas, Super Ogum, por exemplo, apresenta o orixá guerreiro e grande amigo, sempre presente ao lado de seus filhos. Vento Bailarino vem saudar Iansã falando dos seus raios, ventos e tempestades. Exus e Pombagiras, meus camaradinhas, faixa que abre o disco, celebra essas entidades protetoras dos caminhos.

Confira Pontinhos de Amor