Fest Aruanda

Na abertura de festival na Paraíba, atriz e governador falam em cultura como resistência

Tradicional evento do audiovisual, 14º Fest Aruanda vai até 4 de dezembro. Inclui mostra competitiva, sessões especiais e debates. Atividades são gratuitas

Mano de Carvalho
Mano de Carvalho
'Eles é que têm que resistir, porque nós não vamos parar", disse Bárbara Paz, que lançou filme e livro sobre Hector Babenco

São Paulo – Na abertura do 14º Fest Aruanda do Audiovisual Brasileiro, tradicional festival realizado em João Pessoa, ontem (28) à noite, “resistência” foi uma palavra várias vezes repetida nos pronunciamentos. “Nós vivemos em um momento do país que a cultura é relegada a segundo plano e precisamos resistir. E esse festival é, acima de tudo, uma manifestação de resistência, e de comprovação de que investir na cultura vale a pena porque esse também é um segmento que gera emprego e renda”, afirmou, por exemplo, o governador da Paraíba, João Azevêdo (PSB). “Vivemos tempos sombrios, para dizer o mínimo.”

Até a próxima quarta-feira (4), a programação inclui mostras competitivas, sessões especiais, lançamentos, oficinas e debates. A edição deste ano celebra o centenário do cinema paraibano, com trabalho do precursor Walfredo Rodriguez, que dá nome a um troféu. “Todas as produções em curta e longa-metragem passam pelo Fest Aruanda. A nossa história precisa ser contada, tem muita coisa que não se sabe e nós estamos lembrando o primeiro cineasta paraibano, Walfredo Rodriguez, que merece esse crédito”, disse o organizador do festival, o professor Lúcio Vilar.

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Na sessão de abertura, foi exibido o documentário Babenco – Alguém tem que ouvir o coração e dizer: parou, da atriz e cineasta Bárbara Paz, ex-companheira do também cineasta Hector Babenco, que morreu em 2016. Ele dirigiu filmes como Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia, Pixote, a Lei do Mais Fraco, O Beijo da Mulher Aranha, Ironweed e Carandiru, entre outros. Ela lançou ainda o livro Mr. Babenco: solilóquio a dois sem um. “O momento é de resistência; mas são eles que têm de resistir à gente, porque nós não vamos parar”, afirmou Bárbara na abertura.

Um dos filmes selecionados para a mostra competitiva é Barretão, do mineiro Marcelo Santiago, sobre o produtor Luiz Carlos Barreto, de 91 anos. As entrevistas para o filme foram feitas pelo jornalista Geneton Moraes Neto, com fotografia de Walter Carvalho.  Barreto e sua mulher, Lucy, cancelaram a presença no festival devido à morte, no dia 20, do cineasta Fábio Barreto, filho do casal.

Além de assistir ao documentário, ele participaria de um painel, com o tema “O cinema brasileiro, de Vidas Secas e Terra em Transe a Bacurau: entre a poesia, o mercado e a política”, na próxima segunda-feira (2). Fábio Barreto morreu no último dia 20, depois de ficar em coma desde 2009, após sofrer um acidente de carro. Ele dirigiu O Quatrilho (1995), indicador ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, e Lula, o Filho do Brasil (2010), entre outros e será homenageado.

O ator Marco Ricca, o jornalista Fernando Morais e a atriz Suzy Lopes integram o júri oficial do evento. A programação completa pode ser vista aqui. Com chancela da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), o Fest Aruanda tem patrocínio da Energisa, da Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (Cagepa) e do Armazém Paraíba, via lei de incentivos. Todas as atividades são gratuitas.