Moradores de Barueri, na Grande SP, reclamam de fechamento de acesso a rodovia

Concessionária responsável por obra afirma que está instalando cancela prevista em decreto da década de 1970 na Castello Branco e que consultou população local, versão negada pelos cidadãos

Com o acesso da rodovia fechado, quem precisa se deslocar por essas vias terá que usar rotas alternativas (Foto: Divulgação/ Wikipedia/ Humanoo)

São Paulo – Os moradores da cidade de Barueri, na Grande São Paulo, estão articulando uma mobilização na tentativa de barrar o fechamento do acesso ao quilômetro 20 da rodovia Castello Branco, que deve deixar de existir até o fim deste mês. Segundo a concessionária Viaoeste, responsável pela administração da estrada, as obras serão concluídas no dia 30.

Além de manifestações, os habitantes dos bairros afetados pela construção de uma cancela que servirá aos funcionários da Petrobras procuraram o Ministério Público Estadual para que se suspendam os trabalhos, que tiveram início na última semana de outubro. Foi naquele momento que o advogado Robson Prado, morador do Jardim Santa Cecília, deu-se conta de que havia uma movimentação no local. Alguns dos frequentadores pensavam se tratar de uma obra de jardinagem, mas não foi isso que uma apuração breve dos fatos mostrou.

“No mesmo dia começamos a fazer abaixo-assinado para poder manifestar o repúdio ao fechamento”, conta Prado. Foram organizadas passeatas e realizadas assembleias para discutir como os moradores podem se organizar. O fechamento do acesso, inaugurado na década de 1970, significa que muitos deles terão de buscar rotas alternativas até chegar à Castello Branco. “Vai ter um impacto grande. Trabalho em Alphaville. Vou ter de sair de casa bem mais cedo, chegar mais tarde. Usar rotas alternativas que já são cheias hoje”, conta o advogado.

Ele acredita que muitos restaurantes às margens da rodovia vão perder movimento porque os trabalhadores dos bairros de Alphaville e Tamboré, redutos de classe alta da cidade, deixarão de se deslocar a esses estabelecimentos para almoçar. Além do Jardim Santa Cecília e do Jardim Mutinga, acessados diretamente pela entrada atual, os moradores dos bairros Mutinga, Munhoz Júnior, Piratininga e Comunidade do Desterro se juntaram para pressionar por uma solução.

Em nota, a Viaoeste manifestou à Rede Brasil Atual que as obras têm “o intuito de segregar o tráfego que se destina ao Terminal e Base da Petrobras (restrito aos veículos que demandam as empresas convenentes)”. A “implantação de um sistema eletrônico de controle”, acrescenta a concessionária, responde a um decreto firmado em 1975 após acordo entre a petrolífera e o Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de São Paulo (DER), uma autarquia estadual. “Com a obra, o propósito original do acesso (descida da Petrobras) deverá ser restabelecido, com a restrição do seu uso exclusivamente aos veículos da própria Petrobras, ou aos que a ela se destinam, além de linhas de ônibus locais e serviços emergenciais”, indica o comunicado, que aponta que os únicos veículos autorizados a passar serão os cadastrados pela estatal.

A Viaoeste garante que realizou “reuniões com a comunidade local e com a empresa”, uma versão negada pelos moradores. “Não conseguimos sequer falar com um representante da Viaoeste”, conta Prado, que indica que estão sendo colhidas assinaturas para embasar o pedido de suspensão da obra. “O abaixo-assinado serve para mostrar ao Ministério Público que a população não foi informada e que não foi feito qualquer estudo de impacto junto a esta população.”