Medo na zona sul de São Paulo: comerciantes fecham as portas na região

São Paulo – Vila das Mercês, zona Sul de São Paulo. Desde as 15 horas de quarta-feira (27), um toque de recolher teria sido “decretado” na região, fazendo com que […]

São Paulo – Vila das Mercês, zona Sul de São Paulo. Desde as 15 horas de quarta-feira (27), um toque de recolher teria sido “decretado” na região, fazendo com que comerciantes fechassem as portas de seus estabelecimentos e moradores ficassem acuados em suas casas. Por volta das 17 horas, as ruas estavam desertas e quase não se viam ônibus circulando. De acordo com a polícia, a suposta ordem seria fruto de uma “boataria”.

Terno Maciel, presidente da Associação de Moradores Vila Cristina/Vila da Paz (Amopaz), na região do Ipiranga, relata a situação. “Estou na avenida Padre Arlindo Vieira, na Vila das Mercês. No momento (por volta das 17h10), os comércios estão todos fechados, os pais já retiraram seus filhos das escolas desde as 16h, sendo que o horário de saída era às 18h20.”

Segundo ele, o medo dos moradores e a sensação de insegurança são os principais problema nesse momento, mas Maciel ressalta também a questão da falta de transporte na região. “Quase não há ônibus nas ruas, raramente passa um. Conversei com um fiscal de linha que me disse que a tendência é que recolhessem todos os ônibus, se houvessem problemas.”

Quando questionado sobre a autoria dos seguidos toques de recolher na região do Ipiranga, Maciel opina. “Acho que isso vem da Polícia, temos contatos dentro das comunidades, de lá não saiu nada”, afirma o líder comunitário, afastando a possibilidade de a suposta ordem ter partido da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).

Comerciantes aderem, polícia diz garantir a segurança

José Paulo, funcionário da Pizzaria Birra La Citta, na avenida Padre Arlindo Vieira, não abriu o estabelecimento na noite dequarta-feira (27). “Não estamos nos sentindo seguros.”  Ao lado, na Vetex Idiomas, Nicola Bruno informou que a escola parou de funcionar às 15h. “Já inclusive dispensei os funcionários.” Para Silvio Paiva, proprietário do Açougue Carnes Boiasso, na mesma rua, o problema está na segurança. “Essa polícia não está preparada para tratar esse assunto. A nossa sensação, com essa boataria e esse movimento é de medo.”

Tanto moradores quanto comerciantes têm reclamado da falta de informações por parte da polícia. Uma moradora, que preferiu não se identificar, disse: “Já liguei diversas vezes na delegacia e eles não me informam nada, estou perdida”. Conforme Enjolras Rello de Araújo, delegado titular da  83° DP, do Parque Bristol, os moradores estariam cedendo a uma “boataria”. “Não tem toque de recolher, os comerciantes que não abriram seus estabelecimentos é porque não querem”, afirma. “É um rastilho de pólvora, um conta um conto, vem dois. Meu plantão está tranquilo, a 83ª não registrou nada.”

Um dos delegados que auxiliava na ronda durante a tarde, Calixto Calil Filho, corroborou a versão de Araújo ao final da tarde. “Rodei a Avenida Expressa, Padre Arlindo, Cursino, por enquanto está tudo tranquilo. Pode ser que uma porta ou outra tenha fechado, mas temos três viaturas da polícia civil no momento [por volta das 17h30] na região”.

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