Metroviário teme que ao julgar naturais as panes, governo não busque soluções para trem e metrô

Para sindicalista, governo estadual deveria admitir graves problemas no sistema metro-ferroviário

São Paulo – Um dia depois da 20ª falha do metrô este ano, o presidente do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, Altino de Melo dos Prazeres Junior, afirmou hoje (25) que o governo do estado tenta “naturalizar” os problemas recorrentes no sistema metro-ferroviário de São Paulo ao analisar que os defeitos estão dentro da normalidade. Segundo Altino, seria mais coerente reconhecer que a situação é difícil e há erros históricos e atuais no planejamento da Companhia do Metropolitano. “No mínimo é um desrespeito com a população”, disse. Em reunião com deputados estaduais na semana passada, o secretário estadual de Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, analisou que os defeitos em trens e metrôs “estão dentro do quadro estatístico”.

Ontem (24) pela manhã, um problema de tração em uma composição paralisou a Linha 3 – Vermelha, que liga a região leste à oeste da cidade. Segundo a assessoria de imprensa do Metrô, o problema ocorreu na plataforma da estação Santa Cecília. O trem teve de ser rebocado por outra máquina até a estação Palmeiras/Barra Funda. De acordo com levantamento da liderança do PT na Assembleia Legislativa de São Paulo, até 18 de abril, o sistema contabilizava 99 panes desde 2007 e 19 só neste ano. O cálculo ainda não incluía o defeito de ontem.

Segundo Altino, a avaliação do secretário é “uma mentira de perna curta porque os problemas se evidenciam”. “Em vez de dizer que faltou planejamento, ele culpa a população que estaria lotando e não sabe usar o sistema”, criticou. “Alguém que disser em sã consciência que andar em São Paulo não é um caos, seja de ônibus, carro, metrô ou ferrovia, está de brincadeira.”

Altino aposta que se Fernandes dependesse da rede ferroviária, teria opinião diferente. “Se o secretário usasse metrô, não acharia normal. Queria que ele morasse em Osasco, Jandira, Franco da Rocha para saber se a condição de uso dos trens e metrôs é normal.”

Ele teme que a fala de Fernandes possa ter “outros significados” perigosos para o futuro do transporte ferroviário de São Paulo. “O normal deles quer dizer ‘gente não tem o que fazer’”, cogitou. “Se não há problemas em trens e metrôs, significa que não vai haver soluções. Se ele fosse honesto, admitiria problemas graves.”