Delegados de SP têm pior remuneração do país, diz estudo

Desvalorização de profissionais da polícia civil é indicativo de falta de prioridade para a área

Delegados deixam profissão ou mudam de estado em função das condições ruins, diz associação (Foto: Milton Michida/Divulgação SP)

São Paulo – As gestões do PSDB em São Paulo produziram uma queixa recorrente de pouca valorização dos profissionais. Um levantamento da Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo mostra que os delegados paulistas são os que recebem a pior remuneração entre todos os estados do país.

De acordo com o estudo, divulgado em maio, o salário inicial fica em R$ 5.203. Descontados os impostos, o valor cai para R$ 3.684. Para efeito de comparação, os ganhos no Distrito Federal são de R$ 13.368.

“A gente nunca consegue completar nosso quadro porque o delegado não permanece na função. Por conta do salário, migra de profissão ou migra para outro estado porque não há nenhum atrativo para que permaneça. Não temos condição de prestar o serviço que a sociedade precisa e merece”, argumenta Marilda Pansonato Pinheiro, presidente da associação.A relação com o gabinete do governador, que em raros momentos foi boa, azedou definitivamente durante a greve de 2008.

“Cumprimos o que havíamos acordado, mas o governo não cumpriu sua parte. A partir disso, não houve nenhum diálogo porque o antigo governador estava deixando o Palácio para concorrer a presidente. O atual (Alberto Goldman) também não parece ter vontade de conversar conosco”, afirma Marilda.

A Associação dos Delegados reclama que tenta, há tempos, levar adiante a discussão sobre um projeto de modernização da Polícia Civil, que reduziria o número de postos na carreira, para tentar tornar mais estimulante e eficiente a atividade. A falta de delegados em algumas cidades do estado e o número reduzido em outros acabam por prejudicar o trabalho.

“O delegado acaba se tornando um redator de boletins, não tem condição de investigar, de instaurar e presidir um inquérito policial, que é nossa ferramente de trabalho e que dá ao Judiciário toda a possibilidade de um julgamento justo”, complementa a presidente da entidade.