Lojistas da Santa Ifigênia ameaçam fechar por tempo indeterminado em protesto ao ‘Nova Luz’

Lojistas se queixam que falta de diálogo levou a decisão de defender a rua com “unhas e dentes” (Foto: Maurício Morais. Arquivo Rede Brasil Atual) São Paulo – Lojistas da […]

Lojistas se queixam que falta de diálogo levou a decisão de defender a rua com “unhas e dentes” (Foto: Maurício Morais. Arquivo Rede Brasil Atual)

São Paulo – Lojistas da região da Santa Ifigênia, conhecida pela venda de produtos eletroeletrônicos, ameaçaram hoje (19) fechar seus negócios por tempo indeterminado se a prefeitura de São Paulo der continuidade ao projeto Nova Luz, que prevê a revitalização de 45 quadras da região central de São Paulo por meio de desapropriação de 50% dos imóveis da área e terceirização do bairro para particulares que poderão explorá-lo por 20 anos. Lideranças do movimento sem-teto também denunciaram o apoio da prefeitura a reintegrações de posse de prédios abandonados para evitar que a população mais carente seja cadastrada e posteriormente tenha acesso a moradias no Nova Luz.

“Nossa via é o diálogo, mas como não houve, temos 50 mil trabalhadores que vão defender a região como soldados, com unhas e dentes”, disse o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) da região de Santa Ifigênia, Joseph Riachi. “Se fecharmos nossas lojas por um mês ninguém vai quebrar, mas o país vai saber o que está acontecendo em São Paulo.” Segundo os comerciantes, o poder público municipal tem até junho para publicar o edital de licitação que vai pautar a escolha da empresa ou grupo empresarial que vai administrar as 45 quadras do projeto Nova Luz.

Riachi criticou a falta de respostas sobre o futuro da região e o veto da prefeitura à participação de empresários e moradores na revitalização. “Nós dissemos diversas vezes pessoalmente ao prefeito (Gilberto Kassab): ‘queremos revitalizar o bairro, nós podemos fazer porque a região é investidora’”, contou. “Se pudéssemos fazer a revitalização, teríamos feito, porque em 2002 nós pedimos isso à prefeitura e apresentamos um projeto, que desapareceu.”

Manoel Del Rio, advogado dos Movimento dos Trabalhadores Sem-teto, censurou o suposto apoio da prefeitura a proprietários de imóveis abandonados e ao Judiciário, que, segundo ele, vem intensificando reintegrações de posse na região da Luz. “Retiram as pessoas do bairro e depois não estando ali, não podem fazer parte do Nova Luz”, disse. “É um projeto excludente. Não serve para moradores, nem para lojistas da região. Então para quem serve?”

Irregularidades

Representantes dos lojistas no Conselho Gestor da Zona Especial de Interesse Social (Zeis) do Nova Luz, Assad Nader e José Carlos Suzuki, denunciaram irregularidades na aprovação do projeto urbanístico da Zeis, no dia 4 deste mês. Embora o conselho tenha debatido o projeto de apenas 11 quadras, a aprovação é um dos pré-requisitos para aplicação nas 45 quadras. “O que foi discutido para 11 quadras não pode ser parâmetro para 45. É uma irregularidade”, disse Suzuki.

Outro problema teria sido a aprovação do projeto apesar das objeções de todos os conselheiros da sociedade civil. “Embora eu tenha clamado, o que só faço a Deus, eu pedi naquela reunião ‘não aprovem isso porque não foi discutido de forma suficiente, pelo amor de Deus’”, confessou Nader. “Nenhum documento que protocolamos, ao longo de meses, foi respondido. É uma questão de dignidade”.

Riachi afirmou que os lojistas se comprometem a colocar em prática qualquer projeto que a prefeitura apresente para a região, desde que as intervenções sejam realizadas pelos lojistas e moradores. “Não há motivo para entregar o bairro que nós construímos para empresas que vão nos desapropriar para vender a área por valor cinco vezes maior.”

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