Cheias na região Norte favorecem surto de doenças, alerta pesquisador

Cheia chegou a 29,81 metros. Em Manaus, águas do Rio Negro afetam Bairro Educandos. (Foto: Rodrigo Baleia/Folhapress) São Paulo – As cheias na região Norte do país colocam em risco […]

Cheia chegou a 29,81 metros. Em Manaus, águas do Rio Negro afetam Bairro Educandos. (Foto: Rodrigo Baleia/Folhapress)

São Paulo – As cheias na região Norte do país colocam em risco a saúde da população, alerta Christovam Barcellos, pesquisador do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Casos de doenças como hepatites virais, leptospirose e malária tendem a crescer com o aumento do volume das águas. 

Segundo o pesquisador, as cheias “favorecem o surgimento de surtos de doenças relacionadas à água, principalmente aquelas transmitidas por vetores, como a malária e dengue, bem como as doenças de veiculação hídrica, como a leptospirose, as hepatites virais e as doenças diarreicas”, afirma. 

Dados da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) indicam que até a última sexta-feira (18) a cheia chegou a 29,81 metros, maior do que a de 2011, que atingiu 28,63 metros. Até o momento, dos 62 municípios amazonenses, 45 estão em situação de emergência.

Segundo Barcellos, o aumento no volume das águas do Rio Negro pode contaminar aquela consumida pela população. “A elevação do nível do rio acima da cota de lançamento dos esgotos provoca a paralisação do fluxo de esgotos, tanto no sistema geral de coleta, quanto nos pequenos sistemas de esgotamento comunitários ou individuais. O retorno da carga de esgotos, nesse caso, pode provocar a contaminação da água usada para abastecimento na cidade. Ambos extremos de variação foram sentidos pela cidade no ano de 2009, durante o qual foram registrados períodos prolongados de seca e cheia”, afirma.  

O pesquisador ressalta ainda que nas próximas semanas deve ocorrer aumento nos casos de leptospirose e de diarreias em Manaus, principalmente nos bairros ao longo do Rio Negro. De acordo com ele, também podem aumentar casos de malária, depois de julho, quando as águas começam a baixar. A invasão de cobras e outros animais peçonhentos é outro problema agravado pelas cheias. “Isso acontece todos os anos, mas este ano existem condições mais severas do clima que estão aumentando os riscos de transmissão de doenças.

O CPRM alertou para a gravidade do quadro há mais de 60 dias. “No primeiro alerta para Manaus a previsão mínima já indicava uma cheia oscilando entre  29m06 e 29m96. Quando a mínima passa dos 29 metros, as autoridades devem prestar a atenção na cheia. Foram quase dois meses e meio de antecedência, suficiente para se prepararem”, disse o  superintendente do órgão, Marco Antônio de Oliveira.

Enfrentamento

O governador do Amazonas, Omar Aziz, anunciou que o governo estadual vai distribuir R$ 400 a cerca de 50 mil famílias atingidas pelas cheias. No total, a iniciativa exigirá um investimento de R$ 20 milhões. Segundo o site do governo amazonense, R$ 4 milhões dos cofres estaduais já foram disponibilizados. 

No âmbito federal, o Ministério da Integração criou o Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad) do Amazonas com o objetivo de contornar prejuízos causados por eventos naturais, como o excesso de chuvas. A criação de um comitê local para dar continuidade às ações de enfrentamento das enchentes no estado foi tema de videoconferência da presidenta Dilma Rousseff com o governador do Amazonas há cerca de dez dias.

Um total de R$ 17,5 milhões foi repassado pelo governo federal ao estado até o momento. Os recursos estão sendo empregados em ações de socorro aos afetados, além da aquisição de produtos de higiene e limpeza, medicamentos e alimentos.

Com informações do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde

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