Associações comunitárias condenam monotrilho na zona sul de SP

Lançado pela prefeitura de SP, projeto é semelhante a um trem, usado em parques de diversões da Europa e EUA. Entidades de M'Boi Mirim organizam seminário para discutir transporte público

Expresso Tiradentes, que liga zona Leste ao Centro, é referência de monotrilho. População prefere metrô (Foto: Eduardo Deboni/Flickr)

São Paulo – O monotrilho, solução de transporte público proposta pela prefeitura de São Paulo em conjunto com o governo do estado, não vai sair do papel, se depender dos moradores do M´Boi Mirim, zona sul da capital paulista. A Frente de Entidades Comunitárias de M´Boi Mirim e Adjacências (FECMA) condena a iniciativa, apresentada em 2009, que inclui uma ligação entre o Jardim Ângela e a Vila Olímpia e terá um percurso de 34,6 km a um custo de R$ 3,2 bilhões.

“Qualquer especialista sério entende, e a população da M´Boi Mirim já chegou a essa conclusão, que, para atender uma demanda de uma região com 600 mil habitantes, o Metrô é o transporte mais eficiente”, diz Alberto Trindade, um dos membros da Frente. Para ele, o monotrilho é um “genérico do fura-fila”, corredor de ônibus que trafegam sobre vias elevadas.

A Secretaria de Transporte também prevê ações semelhantes para outras regiões da cidade, como o que ligaria o aeroporto de Congonhas ao Morumbi. A administração municipal alega que o monotrilho é mais barato que o Metrô. Para os membros da Frente, a prefeitura não está levando em conta o custo-benefício. “O Metrô, além de ser mais rápido, confortável e seguro, vai atrair desenvolvimento para a região, inclusive com geração de empregos e renda”, diz Nilda Alves.

O monotrilho é usado internacionalmente para atender a trechos de baixa lotação, como parques de diversões na Europa e Estados Unidos. Há outro modelo em que o comboio se locomove suspenso, preso a armações de ferro. O único gênero existente no Brasil está em Poços de Caldas, Minas gerais, com pouco mais de 6 quilômetros de extensão, e restrito ao turismo da cidade.

Por envolver a construção de vias elevadas, o monotrilho pode representar prejuízo urbanístico à cidade. O Elevado Costa e Silva, conhecido como Minhocão, no centro de São Paulo, é um exemplo do impacto desse tipo de via.

Manifestação

A região do M’Boi Mirim sofre há anos com o trânsito caótico. No início de março, 400 pessoas, entre passageiros e moradores, bloquearam a estrada do M´Boi Mirim em protesto espontâneo contra as péssimas condições da via e do transporte local. Na época, por meio da assessoria de imprensa, a subprefeitura de M´Boi Mirim informou à Rede Brasil Atual que as reivindicações da população foram encaminhadas à Secretaria de Transporte para que fossem tomadas providências.

Dias depois, uma faixa adicional foi criada no corredor, sentido centro, das 6 às 8h. Visto como solução, a faixa reversível não deu certo, segundo os membros da Frente de Entidades. Moradores e usuários continuam reclamando do trãsnito pesado e da lentidão na região.

Segundo a Frente de Entidades, uma obra que poderia amenizar o problema na região, seria a duplicação da Av. M’Boi Mirim, prevista no Plano de Metas (2008/2012), mais que ainda não saiu do papel. A prefeitura diz que a obra está em fase de licitação.

Seminário público sobre transportes na zona sul 

Dia 29/05/2010, às 14h
Local: Igreja Santos Mártires, Vila Remo, Jd. Ângela, rua Luiz Baldinato, nº 9. Informações: (11) 5831.9549

Foto original: Eduardo Deboni/Flickr