Herança

Com medo de serem ‘esquecidas’, vítimas de incêndio em São Paulo recusam abrigo

Cadastro das famílias para pagamento do auxílio-aluguel, que será feito esta semana, foi realizado ontem. Governo federal informa que abrirá linha especial do Minha Casa, Minha Vida

Sigmapress/Folhapress

Três pessoas morreram carbonizadas e 19 ficaram feridas durante o incêndio, que começou por volta das 0h50

São Paulo – Os pelo menos 800 desabrigados do incêndio na favela de Heliópolis, na zona sul de São Paulo, que ocorreu ontem (7), temem ser esquecidos nos abrigos provisórios, sem garantia de inclusão em programas de moradia definitiva, e se recusam a ir para o local indicado pela prefeitura. A prática foi comum durante a onda de incêndios em favelas do ano passado, entre julho e setembro, ainda na gestão de Gilberto Kassab (PSD).

A maioria das vítimas tem procurado casas de parentes ou amigos na própria favela. Alguns passaram a noite no barracão da escola de samba Imperador do Ipiranga, que cedeu espaço para que as equipes de assistência social da prefeitura atendessem os desabrigados. “A escola já avisou que vai retomar as atividades essa semana que precisará do espaço”, diz o responsável por programas de moradia da União de Núcleos, Associações e Sociedades de Moradores de Heliópolis (Unas), Manoel Otaviano.

De acordo com eles, as famílias esperam começar a receber o auxílio-aluguel já na quarta-feira (10). Segundo a assessoria de imprensa da administração Fernando Haddad (PT), neste dia a Secretaria de Habitação irá até o local verificar a documentação e o benefício deve ser pago “nos próximos dias”. Serão três meses de auxílio-aluguel, totalizando R$ 1,2 mil – R$ 400 por mês. Até o final do dia, 503 famílias haviam sido cadastradas. Em nota, a prefeitura informou que na quarta e na quinta os funcionários responsáveis por estas fichas retornarão ao local.

No dia 30, eles receberão mais três meses de auxílio-aluguel, que será renovado pelo tempo necessário. “O dinheiro não é suficiente para pagar o aluguel na região e estamos tentando negociar um aumento”, diz Otaviano. “O que a prefeitura tem de fazer é correr atrás de terrenos para a construção de habitação definitiva”. Segundo a assessoria de imprensa do órgão, as conversas sobre políticas de moradia “estão adiantadas” em Heliópolis.

O fogo começou por volta da 0h50 de domingo, devido à queda de um balão em um barraco de madeira, segundo os moradores.  Três pessoas morreram carbonizadas e 19 ficaram feridas, segundo a Defesa Civil. O incêndio destruiu 40 das 50 moradias da Comunidade da Ilha, parte da favela atingida, localizada na Avenida Almirante Delamare.

Auxílio federal

A presidenta Dilma Rousseff divulgou ontem uma nota oficial na qual diz que “recebeu com consternação a notícia das mortes e destruição de moradias por incêndio na favela de Heliópolis”. Segundo o texto, ela telefonou para o prefeito e anunciou que os desabrigados serão beneficiados por uma linha especial do programa Minha Casa, Minha Vida.

Haddad visitou a favela durante a tarde, fez uma vistoria no local atingido pelas chamas e conversou com as vítimas sobre as providências que serão tomadas pela prefeitura.