SP: interesses sociais e econômicos influenciaram formulação do Plano Diretor

Elaborada após discussões com a sociedade civil organizada, documento mescla interesses de movimentos populares, mercado imobiliário e associações de bairro

Vista aérea do Jd. Angela, zona sul da capital: divisão de interesses entre mercado imobiliário e movimentos por moradia influencia planejamento da cidade e cria bolsões de exclusão (©Folhapress/Arquivo RBA)

São Paulo – O Plano Diretor Estratégico (PDE) de São Paulo cumpre dez anos nesta quinta-feira, 13 de setembro, e já deveria estar sendo revisado. As eleições deste ano, porém, adiaram para o ano que vem a elaboração das novas diretrizes urbanísticas municipais. Em 2013, poder público, empresas e movimentos sociais irão se engalfinhar numa queda de braço anunciada, e vencerá quem mais conseguir influenciar o planejamento da cidade. As disputas ocorridas em 2002 podem ajudar a entender o que está em jogo agora.

De acordo com o ex-vereador Nabil Bonduki, relator do projeto de lei que criou o PDE, basicamente três grandes grupos sociais influenciaram a elaboração do plano diretor vigente: setor imobiliário, representado pelo Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo (Secovi); associações de bairro, reunidas no Movimento Defenda São Paulo; e organizações populares de luta por moradia.

Essa participação produziu um PDE com duas caras: por um lado, a lei traz elementos típicos da reforma urbana, como o IPTU progressivo no tempo; por outro, cria instrumentos que beneficiam diretamente a indústria da construção civil, por exemplo, as operações urbanas e concessões urbanísticas.

Por isso, conta Bonduki, “ninguém ficou inteiramente satisfeito, mas todos ficaram um pouco satisfeitos, pois em se tratando de legislações urbanísticas as pessoas têm de ceder em função de um interesse geral, mais amplo.” O ex-vereador destaca que, discordâncias à parte, venceu o bom senso. “Tivemos um plano diretor aprovado, o que não ocorria desde 1971, e conseguimos um acordo suficiente para passá-lo com a quase unanimidade da Câmara. Houve apenas um voto contrário.”

A Rede Brasil Atual, a Rádio Brasil Atual e a TVT apresentam esta semana uma série de reportagens sobre os 10 anos do Plano Diretor Estratégico de São Paulo. O que foi implementado, o que ficou de lado, quais os interesses envolvidos no debate. A Rádio Brasil Atual pode ser sintonizada na Grande São Paulo pela frequência 98,9 FM, no Noroeste paulista em 102,7 FM e no litoral paulista em 93,3 FM, ou em nossa página na internet.