Briga para manter integração entre São Paulo e Diadema não acabou, diz prefeito

Governo do estado quer acabar com um direito de 21 anos dos usuários de Diadema; prefeitura segue com ação na Justiça

São Bernardo do Campo – O prefeito de Diadema, Mário Reali (PT), afirmou ontem (06), durante a reunião mensal dos prefeitos no Consórcio Intermunicipal, que a briga judicial entre prefeitura e Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU, do governo do estado) sobre a integração gratuita nos terminais de Diadema e Piraporinha ainda não acabou. A integração entre ônibus municipais e trólebus é realizada de maneira gratuita há 21 anos.

“Vamos continuar brigando pela gratuidade. Até o momento, o que temos é apenas uma decisão de um dos ministros do STJ (Superior Tribunal de Justiça). Nada foi unânime e, portanto, cabe recurso, tanto é que já apresentamos (o recurso)”, comentou Reali. No dia 19 de julho, o ministro Ari Pargendler derrubou a liminar do Ministério Público que impedia a EMTU de cobrar a integração nos terminais da cidade. 

No entanto, até o momento, a EMTU não começou a realizar as cobranças e informou que ainda não há data para que as tarifas sejam cobradas, o que deverá ocorrer quando o governador Geraldo Alckmin (PSDB) der sinal verde. Sobre o valor a ser cobrado, a EMTU explicou que está finalizando estudos técnicos que definirão o preço da integração. Nos demais terminais e municípios, o preço é de R$ 2,95.

Para Reali, a cobrança é um desrespeito aos usuários. “O sistema de Diadema foi todo estruturado em função do corredor ABD, para alimentá-lo. Na época em que o corredor não tinha passageiros, o convênio com a cidade era importante; agora que tudo gira em torno dele, querem desprezar.”

O prefeito destacou ainda o fato de a EMTU não ter conseguido explicar o real motivo para acabar com a gratuidade. “Eles falaram que o dinheiro era para a eletrificação do corredor, depois voltaram atrás e falaram que é porque as contas não fecham. Mas o fato é que até agora a EMTU não mostrou seus números. A impressão é que a empresa está sofrendo pressão da operadora para acabar com a integração”, avaliou. Atualmente, quem realiza a operação do corredor ABD é a empresa Metra.

Fim do sistema foi anunciado ano passado

A EMTU anunciou no ano passado o fim da integração gratuita. O motivo alegado pela empresa de transporte é o alto custo e o investimento em manutenção. A população, movimentos sociais, sindical e partidos fizeram diversas manifestações para manter o serviço gratuito. Diante da mobilização popular, o Ministério Público se envolveu no caso. 

Desde então, prefeitura e MP tentam negociar a gratuidade com a EMTU, mas nenhum acordo foi fechado. Em fevereiro deste ano, a empresa avisou que a baldeação acabaria e que o valor de R$ 1 seria cobrado. A cobrança, no entanto, não foi posta em prática por conta da liminar do MP. Porém, em julho, a EMTU conseguiu derrubar a liminar, o que permite à empresa realizar a cobrança.