Calamidade

Tragédia sem fim em Petrópolis registra 217 mortos, 33 desaparecidos e 900 desabrigados

Sobreviventes são monitorados por causa de doenças causadas pela água. MP constata abrigos superlotados e com surto de piolho e covid

Fernando Frazão/ABr
Fernando Frazão/ABr
Cientistas defendem o uso da própria natureza contra os efeitos devastadores das fortes chuvas

São Paulo – Subiu pra 217 o número conhecido de mortos em decorrência do temporal que causou enchentes e deslizamentos desde o dia 15 em Petrópolis, na região serrana da Rio de Janeiro. De acordo com informações da Polícia Civil da manhã desta sexta-feira (25), a maioria das vítimas são mulheres (128), enquanto 89 são homens. Há entre elas 42 crianças e adolescentes. Além disso, 33 pessoas continuam desaparecidas, sendo 11 crianças e adolescentes. Segundo a corporação, cinco são crianças entre 3 a 5 anos, e seis, de 7 a 13 anos. A maior tragédia já causada pelas chuvas na história de Petrópolis, primeira cidade planejada do país, segundo alguns historiadores, tem ainda quase pessoas 900 desabrigadas.

Em comunicado ontem (24), a Secretaria Estadual de Saúde informou que elas estão sendo monitoradas por equipes por conta do risco do desenvolvimento de doenças causadas pela água da chuva, como a leptospirose, infecção provocada pela exposição direta ou indireta à urina de animais com a doença. 

Outra preocupação é com os locais onde famílias estão abrigadas. Em visita a 22 pontos de apoio na quarta (23), a 2ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva do Núcleo Petrópolis constatou problemas em oito unidades. Cinco de superlotação e, em alguns deles, segundo o Ministério Público, houve notificação de casos de covid-19 e surto de piolho devido à aglomeração. Ainda ontem, o MP enviou ofício à Defesa Civil para que realize em 24 horas vistorias em abrigos da cidade considerados de alto risco. 

Investigação e solidariedade

O órgão também encaminhou recomendação ao governador do Rio, Cláudio Castro (PL) e ao prefeito de Petrópolis, Rubens Bomtempo (PSB), para que divulguem, em três boletins diários, as ações que o poder público está tomando em resposta à tragédia no município. Os boletins devem levantar dados relativos às condições climáticas, eventuais riscos de deslizamentos e transbordamentos e as condições de mobilidade urbana. A recomendação destaca que a comunicação é um dos eixos fundamentais da resposta às emergências.

Mas de acordo com a promotora Vanessa Katz, em entrevista ao Brasil de Fato, o governo tem falhado nesse ponto. “A população, principalmente das áreas afetadas, precisa ser informada sobre o que está sendo feito e sobre os riscos. É um direito fundamental e uma necessidade”, destacou a promotora. Ainda na semana passada, políticos de diversos espectros mobilizaram quase R$ 30 milhões em emendas parlamentares para destinar a Petrópolis. O Senado também aprovou a criação de uma comissão externa para acompanhar os desdobramentos da tragédia. Além disso, campanhas de doação seguem também sendo mantidas para apoiar as vítimas.