Extremo sul

Subprefeita e Caixa vão negociar com famílias de ocupações na zona sul de São Paulo

Em reunião de duas horas, Cleide Pandolfi promete diálogo e garante que não haverá repressão, mas cobra preservação ambiental das áreas, sem 'favelização'

Danilo Ramos/RBA

Ao menos três ocupações de terrenos surgiram nas últimas semanas no extremo sul de São Paulo

São Paulo – A subprefeita da Capela do Socorro, Cleide Pandolfi, se comprometeu hoje (31) a participar da negociação entre as famílias que ocuparam terrenos no extremo sul de São Paulo e a Caixa Econômica Federal, no dia 8 de agosto. Além disso, ela garantiu que não haverá repressão contra a ação de movimentos de ocupação e que vai discutir a questão habitacional da região hoje, às 17h, com o prefeito Fernando Haddad e os secretários de Habitação, José Floriano, e das Subprefeituras, Chico Macena.

A reunião com a Caixa foi anunciada pelo militante da Rede de Comunidades do Extremo Sul de São Paulo, Gustavo Moura, que está apoiando as ocupações. Ele pediu a participação da subprefeita e de um representante Secretaria da Habitação. “Queremos que a Caixa e a prefeitura atuem juntas para garantir a concessão do terreno para as famílias e a urbanização da área”, afirmou. Moura disse que a intenção das famílias é que as moradias sejam construídas em processo de mutirão.

Cerca de 250 pessoas das ocupações Povo Unido para Vencer e Recanto da Vitória marcharam pela avenida Belmira Marin até a Subprefeitura da Capela do Socorro para reivindicar um posicionamento da gestão sobre as ocupações.

O terreno do Clube Aristocrata – Povo Unido , com 272 famílias, foi desapropriado em 2008, na gestão Gilberto Kassab (PSD), para instalação de um parque linear, que não foi construído. Já o da Granja Onoda – Recanto –, com cerca de 900 famílias, é uma propriedade privada e demanda a compra do terreno pela Caixa para encaminhar o processo.

A subprefeita também prometeu repassar aos ocupantes a situação legal do terreno da granja para que eles possam planejar a negociação e saber se houver pedido judicial de reintegração de posse. Quanto à reunião de hoje à tarde, o chefe de gabinete da subprefeitura, Antônio Dias Barroso, se comprometeu a levar o resultado dela ao conhecimento das famílias nas duas ocupações.

Cleide aproveitou a oportunidade para anunciar que serão construídas 15 mil moradias na região, além de outras benfeitorias, como drenagem, transporte e habitação, da ordem de R$ 1,4 bilhão de reais, de um total de R$ 8 bilhões para a cidade anunciados hoje pela presidenta Dilma Rousseff, em cerimônia na sede da prefeitura ao lado de Haddad. “A máquina começou a girar há sete meses. Construir casa não é da noite para o dia. Hoje eu estava com a presidenta Dilma Rousseff, que anunciou verbas para a cidade, sendo uma parte para nossa região”, afirmou.

A subprefeita afirmou que não aceitará dano ambiental ou construções de caráter permanente no local. “Não vou admitir que haja favelização daquela área. Qualquer ocupação para moradia deve ser realizada a partir do estudo do terreno, com a definição correta de onde se pode construir, onde se deve preservar”, pontuou. Ela alertou as famílias sobre a possibilidade de incorrer em crime ambiental no caso de derrubada de árvores e de não poder garantir que o proprietário da área privada entre com pedido de reintegração de posse.

Moura afirmou que a própria forma como a ocupação está sendo feita foi pensada para impedir isso. “Nós estamos realizando a ocupação organizada da área. Distribuímos os barracos de lona no terreno, demarcamos os lotes e as ruas. Vamos construir um barracão de cultura e um para atividade com as crianças. Mas tudo isso é provisório e será organizado de acordo com o processo de urbanização que for definido entre poder público e famílias”, explicou Moura.

As ocupações estão em processo de consolidação, com barracos de lona preta erguidos em boa parte das áreas e estabilização do número de ocupantes. As famílias agora aguardam o resultado da reunião de hoje para definir as próximas ações. Segundo Moura, a ocupação da rua Lagedo, onde estavam 40 famílias, foi dissolvida após o proprietário, cujo nome não foi revelado, se comprometer a participar da reunião com a Caixa, na próxima quinta-feira.

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