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Famílias recusam auxílio-aluguel para deixar terrenos ocupados no sul de São Paulo

Acampados há dez dias, os ocupantes também rechaçaram proposta de cadastro social para programa habitacional da prefeitura

Danilo Ramos/RBA

Famílias afirmam que ocuparam terrenos para fugir do alto custo dos aluguéis

São Paulo – Moradores das ocupações Povo Unido para Vencer, no terreno da antigo Clube Aristocrata, e Recanto da Vitória, na área da granja Onoda, no distrito do Grajaú, extremo sul de São Paulo, reafirmaram hoje (5) que vão permanecer nos locais, reivindicando a construção de moradias populares. Os ocupantes não consideram a hipótese de sair do terreno, como a prefeitura tentou negociar na última sexta-feira (2), quando representantes da subprefeitura da Capela do Socorro estiveram nas ocupações oferecendo cadastro social para programas habitacionais.

Para o militante da Rede de Comunidades do Extremo Sul de São Paulo Gustavo Moura, a intenção da prefeitura é desmobilizar as famílias. “Nós temos reunião com a Caixa na quinta-feira (8), da qual a prefeitura se comprometeu a participar. Qualquer negociação sobre o terreno e as ocupações será feita lá”, afirmou Moura.

Esta reunião com a Caixa foi agendada com o objetivo de negociar a compra do terreno pelo banco e elaborar um projeto de urbanização da área com a construção de moradias populares. “Não vamos aceitar aluguel social, que não resolve o problema de ninguém e aumenta o déficit habitacional da cidade”, completou.

A população reivindica que o terreno do Aristocrata, desapropriado pela gestão de Gilberto Kassab em 2008 para construção de um parque linear, nunca concluído, seja destinado à construção de moradias populares. Cerca de 200 famílias ocuparam a área no dia 25 de julho, inicialmente, em protesto contra o fechamento definitivo, pelo governo Geraldo Alckmin, da Escola Estadual João da Silva, que ameaçava desabar. Os ocupantes querem que uma nova escola seja construída no mesmo terreno.

A subprefeitura da Capela do Socorro informou que a definição sobre manter ou não o Decreto de Utilidade Pública que destinou a área do Clube Aristocrata para a construção de um parque linear em 2008 depende da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente. A pasta, porém, afirma que esta questão está em estudo e não há prazo para decisão sobre o destino da terra ocupada.

No caso da ocupação Recanto da Vitória não cabe à prefeitura definir o que vai ocorrer, pois a área é uma propriedade privada, pertencente a Ricardo Takaharu Onoda, dono da Granja Onoda. Ele ingressou com pedido de reintegração de posse na Justiça paulista, no dia 1º de agosto. Ainda não houve decisão sobre o caso. Moura disse que a população tem tentado contato com o proprietário para convidá-lo a participar da reunião com a Caixa, sem sucesso. Neste terreno estão cerca de 900 famílias, que também iniciaram a ocupação em 25 de julho.

Segundo Moura, foram confirmadas pelo menos cinco novas ocupações na região nos últimos dias: uma no Jardim Gaivotas, próximo às escolas estaduais Gaivotas I, II e III; outra no Jardim Prainha; uma na antiga pedreira do bairro Chácara do Sol e duas no Jardim Belcito, sendo uma delas no terreno do Instituto Anchieta Grajaú, que atende a crianças e jovens em programas sociais e mantém uma creche conveniada com a prefeitura de São Paulo. Segundo a ONG, aproximadamente 200 pessoas estão na área pertencente a ela.