Aula de civilidade

Silvio Almeida barra tentativa de ‘lacração’ bolsonarista sobre aborto e é aplaudido. ‘Exploração inaceitável’

Ministro dos Direitos Humanos impediu “performance” do senador Eduardo Girão, ao recusar receber réplica de um feto, em nova cena constrangedora protagonizada pela extrema-direita

TV Senado/YouTube/Reprodução
TV Senado/YouTube/Reprodução
"Em nome da minha filha, eu não vou receber. Isso é um escárnio", denunciou Silvio Almeida

São Paulo – O senador Eduardo Girão (Novo-CE) protagonizou mais uma cena de constrangimento à extrema-direita brasileira, ao levar uma invertida do ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida nesta quinta (27). O caso aconteceu durante audiência pública da Comissão de Direitos Humanos (CDH), requerida pelo presidente do colegiado, o senador Paulo Paim (PT-RS).

Vice-líder da oposição, o parlamentar tentou entregar ao chefe da pasta do Executivo uma réplica de plástico que simularia um feto, na tentativa de constranger o ministro. Ao perceber a “perfomance” de Girão, Almeida o interrompeu, denunciando o caso como uma “exploração inaceitável de um problema muito sério que temos no país” e impediu a “lacração” do bolsonarista.

“Eu vou pedir uma coisa, eu não quero receber isso. Por um motivo muito simples: eu vou ser pai agora. (…) Em nome da minha filha, eu não vou receber. Isso é um escárnio, (…), é uma perfomance que eu repudio profundamente”, contestou o ministro. A atitude de Silvio Almeida foi imediatamente aplaudida pelos parlamentares e demais presentes.

O simulacro do feto fazia parte de manobra espetaculosa da extrema-direita usada para questionar o aborto. O procedimento é permitido desde 1940 para casos que coloquem a vida da pessoa gestante em risco. A legislação brasileira também permite quando a gravidez é em decorrência de estupro ou fetos com anencefalia.

‘Perfomance inaceitável’

Acompanhado por assessores, o senador ainda queria com a cena gravar um vídeo para viralizar em suas redes sociais com o ato, o que acabou tendo resultado oposto. Antes de se levantar e ir até o ministro com o boneco, Girão alegou que “já que a gente entrou na questão da dignidade humana, vou materializar a entrega dessa criança com 11 semanas de gestação”. O que o Silvio Almeida rebateu.

“Falo com muito respeito, respeitando seu cargo. Eu não vou aceitar esse tipo de coisa. Eu sou um homem sério, e acredito que o senhor também seja. Esse tipo de performance aqui não é o que condiz com minha maneira de ver a política”, acrescentou o ministro.

Constrangido, Girão voltou ao ser lugar e ouviu do ministro a advertência de que se “fosse uma pergunta séria”, ele responderia com “o maior prazer”. “Mas esse tipo de perfomance é inaceitável”, ressaltou.

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Repercussões nas redes

O nome de Silvio Almeida também foi parar entre os assuntos mais comentados do Twitter. O cientista político e historiador Christian Lynch destacou ser uma “alegria” ter Silvio Almeida como ministro. “Um intelectual como você, um homem público com você. Um homem que dignifica o intelecto, o cargo e o país que serve. Aplaudo de pé”, reforçou.

A deputada federal e presidenta do PT, Gleisi Hoffmann também se solidarizou com o titular dos Direitos Humanos. “Foi vítima de grotesca grosseria de um senador bolsonarista que tentou lacrar em cima de um tema tão sensível como o aborto. Parabéns pela atitude Silvio Almeida de refutar essa exploração deplorável. Brilhante como sempre!”, escreveu.

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