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América Latina tem sido inabalável em apoio a Assange, diz pai do ativista

Pai do ativista detido na Inglaterra divulga documentário sobre a luta pela liberdade de Julian Assange. Hoje ele passou por São Paulo e concedeu entrevista no Cine Petra Belas Artes

Paulo Pinto/Agência Brasil
Paulo Pinto/Agência Brasil
"Eu e também outros familiares expressamos nossa gratidão"

Agência Brasil – Depois de passar por Brasília, Porto Alegre e Rio de Janeiro, John Shipton, pai do ativista Julian Assange, esteve hoje (28) no Cine Petra Belas Artes, em São Paulo. Ele está em campanha pela liberdade de seu filho e também para divulgar o documentário Ithaka – A Luta de Assange, de Ben Lawrence, filme que estreia no Brasil na quinta-feira (31). Durante entrevista a jornalistas, ele agradeceu o apoio do governo brasileiro e de outros países latino-americanos a seu filho.

“A comunidade latino-americana tem sido inabalável em seu apoio a Julian Assange ao longo dos últimos 14 anos – eu e também outros familiares expressamos nossa gratidão”, disse ele.

Nascido na Austrália, Julian Assange fundou a organização WikiLeaks, em 2006, especializada em analisar e divulgar documentos censurados ou restritos que envolvem assuntos sensíveis como guerra e espionagem. Em 2010, o site divulgou documentos secretos do Exército americano e, após esses vazamentos, as autoridades dos Estados Unidos começaram a investigá-lo criminalmente.

Em 2019, após viver sete anos sob asilo na Embaixada do Equador, Inglaterra o prendeu, em um presídio de segurança máxima. Seu pai define a prisão como “um assassinato em câmera lenta”.

Segundo Shipton, por estar em uma prisão de segurança máxima, seu filho não pôde assistir ao documentário.

“Julian está preso em segurança máxima. Na prisão não há comunicação disponível para Julian, além da televisão, que é restrita à BBC e, seja como for, você sabe, a programas do governo.”

Enquanto preso na Inglaterra, os Estados Unidos solicitam a extradição de Assange para que ele possa passar pelas leis norte-americanas. A Justiça dos EUA acusa o ativista de 18 crimes. Incluindo espionagem, devido à publicação de mais de 700 mil documentos secretos relacionados às guerras no Iraque e no Afeganistão. Caso dito culpado, ele pode pegar até 175 anos de prisão.

Detenção de Assange

A detenção de Assange tem gerado protestos em diversas partes do mundo. Em julho deste ano, o presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Renato Janine Ribeiro, entregou ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, um abaixo-assinado para que o Brasil conceda asilo político ao ativista.

A carta é assinada por 3,2 mil pessoas entre cientistas, jornalistas, professores, sindicalistas, lideranças e entidades da sociedade civil. O documento solicita que o presidente Lula promova um esforço internacional para negociar o asilo político a Assange com o governo britânico.

Durante sua passagem por Brasília, o pai de Assange se reuniu com o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta. Ele agradeceu o apoio do governo brasileiro à sua luta.

“Estamos aqui por dois motivos: o primeiro é agradecer ao povo brasileiro e o segundo, agradecer ao presidente Lula pelo seu apoio oficial a Julian ao longo dos anos. Nós continuamos a luta para libertar Julian e esperamos que, com o apoio do Brasil, do Ministério das Relações Exteriores e do presidente Lula, nós tenhamos sucesso e logo Julian possa estar aqui para dizer ‘obrigado’”, disse Shipton, em vídeo divulgado nas redes sociais do ministro.

Na rede social X (antigo Twitter), o ministro disse que o presidente Lula é “sensível à causa e um dos principais defensores de Assange”. “Reafirmamos o compromisso do nosso governo com a sua luta, a do Assange, e o nosso compromisso com a liberdade de expressão. Defendemos quem tem coragem de buscar um mundo melhor”, escreveu Pimenta.

Em maio, em uma visita à Londres, Lula classificou como vergonhosa a prisão de Assange: “É uma vergonha que um jornalista que denunciou as falcatruas de um Estado contra os outros esteja preso, condenado a morrer na cadeia, e a gente não fazer nada para libertar”, disse Lula, citando toda a imprensa.

“Eu já mandei carta pro Assange, já escrevi artigos, mas eu acho que é preciso um movimento da imprensa mundial na defesa dele, não na defesa dele enquanto pessoa, mas na defesa da liberdade de denunciar.”

Questionado por jornalistas hoje em São Paulo sobre se seu filho gostaria de viver no Brasil, Shipton disse não saber responder a isso. Mas declarou que Assange “gostaria muito de ser livre”.

O diretor do filme, Ben Lawrence, tem dito em entrevistas que Assange pagou um alto preço por seu trabalho.

“Nesse tempo em que acompanho de perto sua história, percebi um aumento acentuado no apoio a ele e ao seu trabalho, o que é encorajador. Eu realmente não acho que haja qualquer pessoa de renome que acredite que sua acusação deva continuar. Todos os principais jornais globais pediram sua libertação. Um número alto de líderes mundiais também. Milhões de pessoas em todo o mundo estão pedindo ativamente por sua libertação e todos os principais grupos globais de direitos humanos e imprensa livre estão pedindo o fim de seu processo.”