Avesso da política

Padre Júlio recebe nova ameaça e desperta onda de solidariedade nas redes sociais

Recado com ameaças foi dado enquanto a igreja ainda estava fechada. Por sua dedicação aos pobres em São Paulo, padre tem sido alvo constante dos bolsonaristas

Rovena Rosa / Ag. Brasil
Rovena Rosa / Ag. Brasil
O religioso compartilhou foto do bilhete e recebeu uma onda de mensagens de solidariedade e apoio

São Paulo – O padre Júlio Lancellotti, que há décadas atua no auxílio à população de rua da capital paulista, recebeu neste domingo (27) uma nova ameaça, conforme ele próprio relatou pelo Twitter e Instagram. Um bilhete deixado em frente à sua igreja diz: “padreco de m*rda. Pensa que aki [sic] é partido político. Defensor dos direitos dos bandidos. Petista vagabundo. Usa o povo pra [sic] te favorecer. Seu dia de reinado aki [sic] vai acabar. Pode esperar”.

O religioso compartilhou foto do bilhete e recebeu uma onda de mensagens de solidariedade e apoio. Lancelotti, que geralmente usa as redes sociais para denunciar casos de aporofobia (rejeição aos pobres) informou que o recado foi dado enquanto a igreja ainda estava fechada.

Por sua dedicação aos pobres, o religioso virou alvo recorrente de ataques bolsonaristas. Em 2020, durante a campanha para a prefeitura de São Paulo, o deputado federal cassado, Arthur do Val, conhecido como Mamãe Falei, impulsionou fake news dizendo que o religioso seria um “cafetão da miséria”. A mentira foi disseminada por militantes do Movimento Brasil Livre (MBL), grupo de liberais que ganhou notoriedade pedindo o Impeachment da ex-presidenta Dilma Roussef, em 2016.

No início de 2022, o religioso denunciou outra abordagem ameaçadora, mas que daquela vez recebeu no Instagram. Uma bolsonarista enviou a seguinte mensagem para o padre: “Seu merda do caralho!! Faz dinheiro com a miséria alheia!! Eu pago imposto seu merda, quem você pensa que é para colocar mendigo embaixo da ponte… ser assaltada!! Seu merda, coloca na nojenta da sua igreja!!”.

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Outro bolsonarista que ofendia o Padre Júlio Lancelotti com frequência é o Luciano Hang, o “véio da Havan”. Em agosto de 2022 ele foi condenado a pagar R$ 8 mil ao religioso por tê-lo chamado de bandido em um grupo de WhatsApp com outros empresários que defendiam o golpe de estado para manter Jair Bolsonaro (PL) na presidência.

Em outro momento, ao responder uma crítica do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), Hang disse que o padre é “um militante de esquerda que deveria se preocupar em acabar com a miséria no Brasil”, mas que, segundo o bolsonarista, “faz o contrário e apoia gente que quer ver o Brasil” virando uma “Cuba, Argentina ou Venezuela.


Com Brasil 247 e DCM