Força produtiva

Se fosse um país, agricultura familiar brasileira seria oitava potência do mundo

Além de uma potência, agricultores familiares são os principais responsáveis pela alimentação da sociedade brasileira, não o agronegócio

Divulgação/MST
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São Paulo – A Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag) e o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) apresentaram nesta quarta-feira (26) o Anuário Estatístico da Agricultura Familiar. O documento destaca a importância estratégica desse segmento e oferece uma visão abrangente por meio de diversos temas. No levantamento, fica evidente o poder da reforma agrária. Se fosse um país, o conjunto dos agricultores seria o oitavo mais produtivo.

O Anuário abrange tópicos como Características Gerais da População no Campo; Características Gerais dos Produtores e Estabelecimentos; Trabalho e Rendimento; Educação do Campo; Previdência Pública Rural; Saúde; População Rural no Cadastro Único do Bolsa Família; Terceira Idade e Pessoas Idosas Rurais; Juventude Rural; Mulheres no Campo; LGBTQIAP+ Rurais; Meio Ambiente – Cadastro Ambiental Rural, Unidades de Conservação e Espécies Ameaçadas; Reforma Agrária – Assentamentos de Reforma Agrária, Organização Fundiária e Programa Nacional de Crédito Fundiário; Política Agrícola – Financiamento da Produção e Déficit Habitacional Rural; e Organização Sindical.

Os dados apresentados no Anuário Estatístico da Agricultura Familiar reforçam a relevância desse setor para o desenvolvimento do país e destacam seu potencial, desde que conte com o devido apoio governamental e o reconhecimento da sociedade.

Papel fundamental

A agricultura familiar brasileira desempenha um papel fundamental no abastecimento do mercado interno com alimentos saudáveis e sustentáveis, com foco na preservação dos recursos ambientais e da cultura rural. Além disso, a atividade cria empregos no campo e promove o desenvolvimento sustentável do país.

Com uma representatividade de 23% das áreas e 3,9 milhões de estabelecimentos, a agricultura familiar responde por 23% do valor bruto da produção agropecuária. Sua produção a coloca como a oitava maior produtora de alimentos do mundo. Além disso, contribui significativamente para a dinamização econômica do país, respondendo por 40% da renda da população economicamente ativa e impulsionando a economia de 90% dos municípios com até 20 mil habitantes, que representam 68% do total.

Preservação e produção

Diante de sua relevância, a FAO declarou a Década da Agricultura Familiar (2019-2028), reconhecendo seu papel na preservação cultural e ambiental, bem como nas diferentes formas de viver e produzir. Agricultores(as) familiares, assentados(as), pescadores artesanais, quilombolas, indígenas, silvicultores, aquicultores e extrativistas desempenham um papel crucial na promoção da agricultura, pecuária e atividades não agrícolas, contribuindo diretamente para os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, especialmente no combate à pobreza, à fome e à redução das desigualdades.

Os empreendimentos familiares também promovem a diversidade de culturas, impactando positivamente a qualidade dos produtos e a relação com o meio ambiente. Eles são fundamentais para influenciar políticas de combate à inflação dos alimentos, promover a soberania e segurança alimentar e nutricional, além de proporcionar emprego e renda.

Nesse sentido, os dados compilados no Anuário têm o propósito de enriquecer o debate sobre o papel da agricultura familiar no desenvolvimento do país e promover a valorização e o reconhecimento dos sujeitos que compõem esse importante setor, bem como de suas entidades representativas.


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