Reconstrução

Marcha das Margaridas abre com cobranças e expectativa por anúncios do governo

Com mais de 100 mil trabalhadoras em Brasília, presidente responderá amanhã sobre pauta da Contag, apresentada ao Executivo e ao Legislativo

Reprodução
Reprodução

São Paulo – Depois de um dia de atividades, a sétima edição da Marcha das Margaridas foi aberta formalmente na noite desta terça-feira (15) com apresentação da pauta das trabalhadoras rurais e expectativa de anúncios que deverão ser feitos amanhã pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em ato na Esplanada dos Ministérios, a partir das 10h30. “A nossa plataforma política revela para que e por que estamos aqui”, afirmou a secretária de Mulheres da Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag), a piauiense Mazé Morais, também coordenadora da Marcha, que tem “reconstrução” como um dos principais temas.

“Nós, mulheres do campo, da floresta e das águas, estamos aqui. (…)”, disse Mazé. “Que realmente as políticas públicas cheguem nos mais diversos cantos do nosso país. Acreditamos num mundo em que é possível consumir alimentos saudáveis, sem racismo e com justiça ambiental.”

Contra o extermínio

Vários ministros participaram da cerimônia de abertura, em Brasília. A titular da Saúde, Nísia Trindade, disse que o governo fará “anúncios importantes” amanhã. Sua pasta, por exemplo, reorganizou o Grupo da Terra, para discutir temas específicos. A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, adiantou que sua área atenderá vários itens.

Já a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, se emocionou ao ouvir gritos de “Marielle” e reiterou o esforço para acabar com a “política de extermínio” das mulheres. “Assim como Margarida, minha irmã também é vítima desse feminicídio político. A ancestralidade vai estar sempre pulsando em nós”, disse Anielle. O nome da Marcha faz referência a Margarida Maria Alves, líder sindical na Paraíba, assassinada em 1983. Durante o evento, surgiu a notícia de que Margarida será incluída no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria.

Resposta de Lula à pauta

A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, reiterou a importância das mulheres na defesa da democracia e na eleição de Lula em 2022. E acrescentou que é ele que responderá amanhã sobre a pauta apresentada pela Contag em junho, com 13 itens.

Também hoje, pela manhã, o Senado promoveu sessão especial em homenagem à Marcha das Margaridas. Autor do requerimento, o senador Beto Faro (PT-PA) também falou sobre as reivindicações. “Acredito que cada ponto da pauta será estudado e observado com muita atenção, pois irão nortear nosso trabalho no parlamento em favor da justiça social.”

Participação, soberania, autonomia

Esperamos que essas Casas (Câmara e Senado) considerem as nossas demandas e a sucessão das ações previstas no Plano Plurianual 2024-2027, garantindo orçamento público durante sua efetivação nos próximos anos”, afirmou Mazé durante a sessão. O documento inclui temas como democracia, participação política, autonomia das mulheres, soberania alimentar, acesso à terra, biodiversidade e inclusão produtiva.

“Só estamos aqui porque fomos capazes de colocar no seu devido lugar aquele que afrontou a nossa democracia”, afirmou a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva. Segundo ela, o país ficou quatro anos sem políticas de direitos humanos, para povos indígenas e agricultores, “e o Lula vai trabalhar muito, nós vamos trabalhar muito” para reconstruir essas ações, ainda que nem todas as demandas possam ser atendidas no período do mandato, até 2026.

Leia também: Marcha das Margaridas deve reunir mais de 100 mil mulheres em Brasília nestas terça e quarta

Sonia Guajajara (Povos Indígenas) falou em “luta pela existência”, diálogo e crise ambiental. “Não podemos negar a emergência climática que o mundo vive hoje.” Além disso, a Marcha é um manifesto contra a violência “que ainda aflige muitas de nós, mulheres”. E ressaltou a importância da presença maior das mulheres “nos espaços de tomada de decisão”.

Quase no final, a ministra da Cultura, Margareth Menezes, cantou Nos Bailes da Vida, de Milton Nascimento e Fernando Brant.