7 de setembro

Sábado tem Gritos dos Excluídos e também de incluídos, porém anônimos

Grupos organizam manifestações pela internet com a promessa de ser o “maior protesto da história do Brasil”. Para cientista político, é improvável que junho se repita

Mídia Ninja/CC

Em João Pessoa foi realizado um dos primeiros atos ligados ao Grito dos Excluídos deste ano

São Paulo – O 7 de setembro chega com promessas de paradas e desfiles que vão além das tradicionais comemorações da Independência. Diferentes grupos, pelos mais diversos motivos, de variadas vertentes do espectro político – da esquerda, às direita, pelo centro e os sem se encaixar em nenhuma dessas posições – e tendo em comum as redes sociais como ferramenta de convocação geral prometem emoções para o feriado de sábado. Além desses protestos contemporâneos, há também o já tradicional Grito dos Excluídos, movimento organizado há 19 anos por setores progressistas da Igreja Católica.

Uma dessas manifestações vem se articulando há varias semanas, com a criação de uma página especial nas redes chamada “Operação Sete de Setembro”. Na página, um dos grupos que procura dar uniformidade aos temas da convocação, mas que refuta no vídeo de convocação a condição de lideranças, é o Anonymous. E explica que “a operação não é de esquerda, direita ou centro, não tem partidos, não tem bandeiras, não tem siglas”. Os denominados Black Blocs, conhecidos por ações violentas contra símbolos do capitalismo, como bancos, grandes redes de lojas e de fast-foods, também integram a “Operação”.

As convocações têm como desafio realizar o “maior protesto da história do Brasil”. Afirmam que as manifestações devem ocorrer porque as principais reivindicações que “levaram as pessoas às ruas” em junho ainda não foram atendidas. E elegem como causas itens como “prisão dos mensaleiros e aprovação imediata de uma lei de combate à corrupção”, temas agradáveis à oposição do governo federal e a setores da imprensa, que costumam esgotar sua indignação com a corrupção nesse único episódio. Reforma tributária, fim do voto obrigatório, aprovação da lei referente ao Plano Nacional de Educação (PNE) também estão entres as bandeiras, “eleitas” por votação dos internautas.

Para o cientista político e professor de políticas públicas da UFABC, Vitor Marchetti, a data talvez até seja convidativa para reunir esses movimentos fragmentados, o que não significa capacidade para levar as ruas protesto tão grandes como os realizados em junho. “Tivemos uma conjuntura ampla de fatores que levou uma quantidade gigantesca de pessoas para as ruas, com variáveis que dificilmente voltam a se combinar. Dar as mãos nas ruas já é mais difícil porque são movimentos muito diversos e é pouco provável que a gente tenha um junho repetido”

No Rio, estão marcados atos para dez cidades diferentes, incluindo a capital, com concentração a partir das 7h30 na Cinelândia. Em São Paulo, manifestantes de 41 cidades confirmaram a participação. Haverá concentrações, por exempo, às 14h no vão livre do Masp, no Paço Municipal de São Bernardo do Campo e no portão principal do Bosque Maia, em Guarulhos.

Outras vozes

No Distrito Federal, o Grupo Brasil e Desenvolvimento protestou nesta sexta (6) para denunciar a política de moradia do governo, pedir auditoria da Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal (Terracap), fim da Agência de Fiscalização do Distrito Federal (Agefis), dos gastos com os preparativos da Copa do Mundo e a desmilitarização da PM e para reforçar a luta pela Tarifa Zero e a garantia de direitos sociais.

Participam do protesto o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Coletivo Luta Vermelha, Organização de Comunicação Universitária Popular (Ocup), Movimento Honestinas, Brasil e Desenvolvimento, Movimento Passe Livre (MPL), Movimento Contra o Aterro Sanitário de Samambaia e Assembleia dos Povos.

Amanhã os eventos devem reunir cerca de 150 mil pessoas em um raio de cinco quilômetros da Esplanada dos Ministérios e da Praça dos Três Poderes. As manifestações estão organizadas para ocorrer principalmente na praça do Museu Nacional da República, na Esplanada, próximo à Catedral, a partir das 9h. A expectativa é que entre 40 mil e 50 mil pessoas passem por ali, entre integrantes dos protestos e o público que vai assistir ao Desfile da Independência, previsto para começar às 9h10, em frente ao Palácio do Planalto, e terminar às 10h, próximo ao Teatro Nacional e à Rodoviária.

Grito dos excluídos

As manifestações no Dia da Independência também ocorrem nos estados de São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Bahia, Recife, Belém, Amapá e Roraima, pela 19ª edição do Grito dos Excluídos. A manifestação, que ocorre simultaneamente em diferentes regiões do país, tem como objetivo chamar a atenção da sociedade para os problemas enfrentados pela população e denunciar o modelo político e econômico que concentra riqueza e renda e condena milhões de pessoas à exclusão social.

Em 2013, a juventude é a temática escolhida pelo o movimento, que nasceu nas pastorais da Igreja Católica como forma de dar continuidade a reflexões propostas pela Campanha da Fraternidade. O Grito dos Excluídos vai denunciar a situação dos jovens, principalmente os encarcerados e os exterminados no Brasil.

Os assassinatos de jovens aumentaram 580% nos últimos dez anos. No Brasil, 32 jovens de até 19 anos são assassinados todos os dias, segundo Mapa da Violência 2012. Por ano, são registrados cerca de 50 mil homicídios e desse total, mais de 40% das vítimas são jovens, principalmente os que vivem nas periferias em sua maioria negros e negras.

Neste ano o movimento espera ganhar força com a adesão de manifestantes, que protestam nas ruas contra as injustiças, a violência e a corrupção.

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