Em CPI, professores da PUC-Campinas desmentem acusações de alunos
Em comissão instalada na Alesp para apurar violência nas universidades no estado de São Paulo, docentes afirmam que não existe trote nas dependências do campus
Publicado 22/01/2015 - 20h13
Professores Cidinha e Teixeira afirmaram que há mais de uma década é proibida qualquer forma de trote na PUC
São Paulo – A 13ª reunião da CPI da Assembleia Legislativa de São Paulo destinada a apurar violação de direitos humanos nas universidades paulistas, realizada hoje (22), trouxe professores da Faculdade de Medicina da PUC de Campinas que desmentiram versão dada em depoimento sigiloso no dia 7 deste mês por alunos que os acusaram de ser coniventes com os trotes.
Maria Aparecida Barone Teixeira e Carlos Oswaldo Teixeira afirmaram que há mais de uma década é proibida qualquer forma de trote na PUC e que a proibição é divulgada no campus. Segundo eles, os abusos são apurados mediante a instauração de sindicâncias. “O trote na nossa faculdade está proibido há mais de dez anos. A proibição é muito divulgada e são feitas campanhas internas. Eu ouço nos corredores que alguns alunos praticam o trote. São reclamações que a gente não presencia dentro do campus”, disse Maria Aparecida, a Cidinha. Ela afirmou nunca ter participado de sindicância desse tipo.
O professor Carlos Oswaldo Teixeira, o Caiá, desmentiu acusações feitas pelos alunos contra ele e a professora, e disse serem “inverdades”, algumas delas “graves”. “No depoimento que saiu na mídia existem inverdades, visão deturpada a nosso respeito. Nosso nome está citado como no alto da cúpula, que é a ‘máfia’ que rege as diretrizes do que os alunos podem fazer ou não fazer. Falaram que a professora Maria Aparecida Barone é responsável por quem entra e não entra na residência de clínica médica. Residência de clínica médica é um concurso público, e mexer nisso é grave. Não é assim. Nossa prova de residência médica segue as regras da Secretaria de Educação”, declarou.
Segundo Teixeira, se as acusações são de alunos do primeiro ano, “pode ser a visão de um menino que chega ao primeiro ano e passa a ver o que não existe, mas pode ser também a visão deturpada de alguém que tem interesse em deturpar a visão do primeiro-anista”.
No depoimento, os alunos afirmaram que existiria uma “família” formada a partir da Associação Atlética que influenciaria, inclusive, no desenrolar das carreiras a partir da faculdade. “Existe o termo família, mas no sentido de família realmente. Nunca ninguém beijou minha mão na faculdade. Isso posso falar que é mentira. Pode ser uma deturpação”, disse Teixeira.
Segundo Teixeira, as denúncias veiculadas a partir dos depoimentos dos alunos deixaram tanto discentes como professores revoltados e chocados.
Sete alunos convocados a depor no colegiado, acusados de fazerem trotes violentos e humilhantes contra “calouros”, não compareceram. “(Esses alunos) Não vieram, não justificaram, estão aumentando o problema. Os senhores estão se negando a comparecer a uma CPI, não justificam e os problemas podem aumentar daqui para a frente”, disse o deputado Adriano Diogo (PT), presidente da CPI, dirigindo-se aos ausentes.
O deputado afirmou que o objetivo é apurar todos os tipos de trote. “Não existe trote do bem. É uma prática de tortura. Algumas práticas entraram no capítulo da criminalização.” A deputada Sarah Munhoz (PCdoB) participou da audiência.
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