CPI

PUC-Campinas desmente depoimentos de alunos e afirma que repudia violência

Em nota, instituição nega 'esquema' denunciado por alunos, diz que 'não promove festas em ambientes externos aos campi' e que, no momento, professores não estão autorizados a falar sobre o assunto

Maurício de Souza/Alesp

Depoimentos sigilosos foram dados na CPI presidida por Adriano Diogo (PT) no dia 7 de janeiro

São Paulo – Em comunicado divulgado por meio de sua assessoria de comunicação, a Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Campinas afirma que os trotes violentos denunciados por alunos da Faculdade de Medicina na CPI das universidades, da Assembleia Legislativa de São Paulo, são objeto de investigação por parte da instituição desde o ano passado. “A instituição já havia sido informada (sobre os fatos expostos junto à CPI) em 2014, quando desencadeou processos disciplinares internos, bem como a comunicação do ocorrido para as autoridades externas competentes”, diz a nota. “A PUC-Campinas repudia qualquer atividade que se caracteriza como ato de zombaria, humilhação, violência ou ainda qualquer situação constrangedora a que os calouros sejam submetidos.”

De acordo com a instituição, a prática de qualquer tipo de trote é proibida na universidade pela Resolução Normativa PUC nº 018/2005, que prevê penalidades descritas no estatuto e regimento geral quando comprovada a participação. “(A PUC) tem, desde então, envidado esforços para conter essa prática.” Segundo o comunicado, os autores que comprovadamente submetem calouros a trotes devem ser “submetidos às penalidades previstas em seu estatuto e regimento geral”.

O documento da PUC-Campinas diz ainda que a instituição “não promove festas em ambientes externos aos campi, tais como chácaras, bares, boates, lanchonetes, entre outros estabelecimentos”. “Qualquer convite feito aos alunos para comparecerem a esses locais, como sendo um evento da instituição, não é verdadeiro. Os locais citados na CPI que seriam supostamente utilizados para ‘tortura’ de calouros não pertencem à universidade, tampouco fazem parte de seus campi.”

Os alunos que se dizem vítimas de trotes violentos depuseram em sigilo na CPI, na quarta-feira (7). Afirmaram ser comum a participação de alunos veteranos e mesmo médicos formados nesses “rituais”. Segundo os alunos, a Associação Atlética Acadêmica Samuel Pessoa seria um dos pilares do que chamam de “esquema”, cuja estrutura de poder se basearia numa hierarquia que teria a participação ou anuência de professores da instituição.

A reportagem procurou os médicos Carlos Osvaldo Teixeira, o Caiá, e Maria Aparecida Barone Teixeira, a Cidinha, mencionados pelos alunos, para darem sua versão. Porém, a PUC-Campinas, por meio da assessoria de imprensa, informou que os docentes não estão autorizados a falar com a imprensa. “Nosso posicionamento, no momento, é dado via comunicado.”

Na nota, a instituição informa que, a partir de estudos realizados na universidade, foi formado o Comitê Permanente de Acolhida aos Calouros, com a participação de diretores de centros, docentes representantes e funcionários. O comitê, segundo a universidade, é responsável por “planejar, executar e avaliar todas as atividades voltadas à chegada de novos acadêmicos à PUC-Campinas”.

Ainda segundo o comunicado, alunos, pais e responsáveis recebem um comunicado com informações sobre procedimentos relacionados ao trote e informações estão disponíveis no “site do calouro”.

A universidade informa ainda que os novos alunos podem utilizar o telefone (19) 3343-7241 para reclamações e denúncias sobre trote.

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