Famílias

Em duas décadas, número médio de filhos por mulher cai 25% em São Paulo

Fundação Seade considera também a possibilidade de a pandemia ter feito as famílias evitarem ou adiarem a gravidez

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"A Família", tela de Tarsila do Amaral, de 1925: número de filhos segue diminuindo

São Paulo – Nas duas últimas décadas, o número médio de filhos por mulher caiu 25% no estado de São Paulo, segundo estudo da Fundação Seade com base em registros civis. De acordo com o levantamento, esse número passou de 2,08, em 2020, para 1,56 no ano passado.

“A estimativa ano a ano mostra que esse decréscimo não foi contínuo ao longo do período, pois, após alcançar o patamar de 1,70 filho em 2007, manteve-se relativamente estável por uma década”, observa o Seade. “A partir de 2019, iniciou-se nova queda, quando o número de filhos por mulher chegou a 1,65.”

Apenas na região metropolitana de São Paulo, de 2018 para 2020 a média foi de 1,80 para 1,60, “com importante queda da fecundidade na capital”. No interior, considerado o período de 20 anos, a redução foi de 24,4%, de 2,01 para 1,52.

Filhos mais tarde

Em 2010, os indicadores de fecundidade j´á haviam diminuído em todas as regiões do estado, variando de 1,50 a 1,90 filho por mulher. No ano passado, as taxas variavam entre 1,40 e 1,70.

As mulheres também passaram a ter filhos mais tarde. De acordo com a fundação, em 2000 a fecundidade se concentrava entre as mulheres de até 30 anos, que correspondiam a 71,3% do total. Agora, são 65,3%, e o percentual cresce para 85,7% quando incluídas aquelas com 30 a 34 anos.

“A evolução da fecundidade da mulher paulista teve impacto relevante no volume de nascimentos no Estado”, afirma ainda o Seade. Assim, de 2000 a 2020 o total de nascido vivos caiu de 699 mil para 550 mil. Mas essa redução não ocorreu de forma regular.

Tendência de redução

“Em 2001 foi registrado importante decréscimo, quando o total de nascimentos correspondeu a 646 mil e permaneceu neste patamar até 2017, apesar de ter ocorrido uma queda pontual em 2016 atribuída à epidemia de Zika”, diz a fundação. “A partir de 2018, retoma-se a tendência de redução, sendo que o número de nascimentos registrados, em 2020, é quase 150 mil inferior ao do início dos anos 2000, com retração de 21,4%.”

Nestas duas décadas, o número de nascidos vivos caiu 26,3% na região metropolitana de São Paulo. A redução foi maior na capital: 29,7%, ante 21,9% nos demais municípios.

Informações preliminares apontam continuidade nesse processo em 2021, acrescenta o Seade. O que indica, possivelmente, “a influência das incertezas trazidas pela pandemia no comportamento reprodutivo das mulheres paulistas”. Se ainda não é possível associar totalmente a queda à pandemia, por outro lado se considera a hipótese “de que as mulheres/famílias resolveram evitar ou adiar a gravidez a partir de março de 2020, podendo resultar em decréscimo ainda maior no número de nascimentos em 2021”.

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