além das medalhas

Movimentos sociais denunciam ‘deslegado’ olímpico no Rio

Evento que avaliou impactos negativos dos Jogos Olímpicos também promoveu protesto contra o ministro do Trabalho do governo interino

reprodução/TVT

Grandes obras trouxeram impacto negativo com desapropriações. Operários temem falta de emprego

São Paulo – A menos de dois meses para o início dos Jogos Olímpicos Rio 2016, movimentos sociais denunciaram ontem (16) que a herança do evento esportivo não será tão positiva quanto a alardeada pelo poder público, sobretudo para a população mais pobre. Relações precárias de trabalho, desapropriações, saturação do sistema de saúde e aumento do turismo sexual foram algumas das questões apontadas como parte do ‘deslegado’ olímpico.

No seminário Trabalho Decente nos Jogos Olímpicos, ocorrido na sede do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), o ministro do Trabalho do governo interino, Ronaldo Nogueira, foi alvo de escracho. Presente ao evento, ele viu e ouviu manifestantes da CUT e da Juventude Economia Solidária gritarem palavras de ordem como “fora, Temer” e “golpista”.

O presidente da CUT-RJ, Marcelo Rodrigues, chamou a atenção para a massa de trabalhadores que atuaram durante as obras na cidade e que, agora, têm futuro incerto: “Não foi dada nenhuma perspectiva para os trabalhadores, sobre o que fazer após o término dessas obras. Não houve planejamento claro sobre o que fazer com esses homens e mulheres que vão ficar desempregados”, afirmou Marcelo, em entrevista à repórter Viviane Nascimento, para o Seu Jornal, da TVT. Ele também reclamou da falta de diálogo com as centrais sindicais, mas afirmou que “os direitos trabalhistas não vão ser jogados para debaixo do tapete”.

A presidenta do Sindicato dos Enfermeiros do Rio de Janeiro (SindEnfRJ), Mônica Armada, alertou que a população da cidade não está recebendo o devido atendimento em saúde e teme agravamento com a vinda de turistas.

Eleutéria Amora, da ONG feminista Casa da Mulher Trabalhadora (Camtra), afirmou que, na África do Sul, durante a Copa do Mundo de 2010, houve aumento de 66% nas atividades relacionadas à prostituição, e teve que o caso se repita por causa do turismo sexual durante os Jogos Rio 2016.

“Para a moradia, no meu entendimento, não temos legado. Vila Autódromo é perda, Curicica é perda, Providência, Estradinha, é perda”, afirma o vereador Reimont (PT), fazendo referência às áreas que sofreram com desapropriações. Contudo, Reimont acredita no legado de resistência. “O povo que lutou pela manutenção das suas casas, mesmo aqueles que as perderam, esse povo está se organizando e está exigindo que a cidade olhe mais por eles.”


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