Justiça

Chacina de Unaí: ex-prefeito será interrogado hoje. Fiscais protestam contra impunidade

Dezenove testemunhas foram ouvidas. Sentença deve sair amanhã

Sinait
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Um dos vários protestos de servidores por justiça para quatro colegas assassinados: denúncia de impunidade

São Paulo – No terceiro dia de julgamento do ex-prefeito de Unaí (MG) Antério Mânica, a expectativa é pelo interrogatório do acusado, previsto para a tarde desta quinta-feira (26). O fazendeiro é apontado como mandante da morte de quatro servidores do Ministério do Trabalho, três auditores-fiscais e um motorista, na manhã de 28 de janeiro de 2004. A sentença deve sair amanhã.

Assim, foram ouvidas 19 testemunhas, sendo 14 da acusação e cinco da defesa. Na manhã de hoje, auditores-fiscais e dirigentes do Sinait (sindicato nacional da categoria) fizeram novo protesto diante do prédio da Justiça Federal onde é realizado o julgamento, em Belo Horizonte. Uma das vítimas, o fiscal Eratóstenes de Almeida Gonsalves, completaria 61 anos. Manifestantes se deitaram na calçada, formando “cruzes humanas”.

Justiça e paz na alma

“A imagem da ação simbólica é para chegar ao coração de todos. Quem fiscalizou em busca de justiça para aqueles que estavam escravizados perderam a própria vida numa emboscada. São 18 anos de espera, é muito tempo, precisamos de justiça e paz na alma para as famílias e para os colegas que aguardam ao longo de tantos anos”, afirmou a diretora do sindicato Vera Jatobá.

O ex-prefeito chegou a ser condenado, a 100 anos de prisão, em 2015, mas o julgamento foi anulado três anos depois. O Sinait acredita que a defesa montou uma “farsa” para concentrar a culpa em Norberto Mânica, irmão de Antério e também fazendeiro. “Nós temos muitas provas que corroboram a participação dele (Antério) no crime”, afirmou ao jornal Estado de Minas o advogado e assistente de acusação Roberto Tardelli.