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Jovens protestam contra o trabalho escravo na Basf e a fabricação de agrotóxicos perigosos

Manifestantes lembraram o resgate de 85 trabalhadores em condições análogas à escravidão em fazendas de Uruguaiana que fazem experimentos de sementes de arroz da multinacional alemã

VICTOR A FRAINER
VICTOR A FRAINER
O lucro da empresa com a exploração de trabalhadores e com a venda de substâncias venenosas foi alvo de protesto

São Paulo – Jovens protestaram nesta segunda-feira (12) contra o trabalho análogo ao escravo e a produção de agrotóxicos perigosos na Basf. A manifestação, no início da manhã foi organizada por integrantes da Juventude Sem Terra e do Levante Popular da Juventude do Rio Grande do Sul. O ato foi em frente à sede da empresa, em Sapucaia do Sul, na região metropolitana de Porto Alegre.

A ação, que incluiu cerca de 40 jovens, faz parte da 14ª Jornada Nacional da Juventude Sem Terra. O lema é “Combater o Agro, garimpo e a mineração. Rompendo cercas alimenta a nação!”.

Os manifestantes lembraram o resgate, em maio, de 85 trabalhadores em condições análogas à escravidão em fazendas de Uruguaiana que fazem experimentos de sementes de arroz da multinacional alemã. Segundo a fiscalização do Ministério Público do Trabalho (MPT), os resgatados trabalhavam no plantio e faziam aplicações de agrotóxicos na plantação, tudo manualmente e sem equipamento de proteção individual.

Trabalho escravo e agrotóxicos proibidos na União Europeia

Além disso, caminhavam à exaustão antes de chegarem ao local, onde usavam suas próprias ferramentas de trabalho. As condições degradantes incluíam comida azeda e falta de água potável. Um termo de ajustamento de conduta, assinado pelo MPT e a Basf, foi homologado há um mês.

Em nota, os manifestantes lembraram também que a empresa que utiliza trabalho escravo usa pelo menos 13 ingredientes ativos banidos em toda União Europeia para a produção de seus agrotóxicos. Entre eles, o epoxiconazol e o glufosinato de amônio. O banimento dessas substâncias está relacionado ao desenvolvimento de diversos tipos de câncer, fora as intoxicações agudas.

Confira a íntegra da nota

A BASF envenena e lucra com o trabalho escravo

Nós, da Juventude Sem Terra e do Levante Popular da Juventude do Rio Grande do Sul, mobilizados na 14ª Jornada Nacional da Juventude Sem Terra, denunciamos a BASF: multinacional condenada por trabalho análogo à escravidão em Uruguaiana e que produz venenos proibidos em diversos países.

Inimiga do povo, a empresa química BASF foi fundada em 1865 na Alemanha e esteve ligada à ascensão do nazismo no país. Participando do conglomerado que utilizava do trabalho forçado nos campos de concentração, produziu os gases utilizados nas câmaras de extermínio. Após o término da guerra a empresa diversificou sua atuação, utilizando da tecnologia de armas químicas para desenvolver os agrotóxicos que devastam a natureza e colocam veneno no nosso prato.

Atualmente a empresa utiliza de pelo menos 13 ingredientes ativos banidos em toda União Europeia para a produção de seus agrotóxicos. Essas substâncias têm relação comprovada com o desenvolvimento de câncer e outras doenças, além de sujeitar os trabalhadores à intoxicação. No último período o Brasil liberou mais de 5.000 agrotóxicos.

No Rio Grande do Sul, a BASF esteve diretamente envolvida no recrutamento dos 85 trabalhadores em situação análoga à escravidão resgatados em março deste ano em Uruguaiana. Um fato importante é que entre os resgatados foram 11 adolescentes de 14 a 18 anos. A juventude é o principal alvo da precarização no campo e na cidade, com poucas oportunidades de especialização e grandes necessidades de trabalho, caindo nas garras do agronegócio, que o envenena e explora.

A nossa situação se agrava ainda mais quando nossas famílias, produtoras de alimentos saudáveis, estão sujeitas à constante chuva do veneno da BASF, como acontece ano após ano em Nova Santa Rita (RS). Com voos criminosos, que nos adoecem e atacam nossas produções orgânicas, os poderosos tentam intimidar a agricultura familiar que alimenta o Brasil. As pulverizações que acontecem de forma descontrolada no estado se espalham pelo solo, contaminam nossa água e destroem a natureza, a biodiversidade e a nossa saúde.

Enquanto megacorporações como a BASF escondem sua perversidade com campanhas de falsa sustentabilidade, defendemos uma alternativa construída pelas mãos da juventude! Somos aqueles e aquelas que plantam, com trabalho digno, o alimento que chega nas cidades; que na pandemia construíram grandes campanhas de solidariedade para enfrentar a fome nas periferias; e que defendem uma nova realidade para a juventude no campo!

Anunciamos a Reforma Agrária Popular como alternativa para superar esse modelo. Convocamos a sociedade brasileira a exigir de todos os poderes do Estado a responsabilização do Agronegócio e sua atuação predatória. Defendemos a taxação do Agronegócio que nos tira a comida e nos envenena. A retomada de políticas públicas de forma massiva, buscando combater a fome e desenvolver o trabalho digno e cooperado no campo.

Juventude Sem Terra: Combater o agro, garimpo e a mineração. Rompendo cercas alimenta a nação!


Redação: Cida de Oliveira