empreendedorismo

Haddad quer legislação que permita criação de novas cooperativas na cidade

Centro de projetos em direitos humanos e economia solidária inaugurado no Cambuci vai estimular o desenvolvimento de cooperativas por segmentos da sociedade que necessitam de inclusão social

Heloisa Ballarini/ Secom

Haddad: compromisso com as minorias políticas, como os grupos LGBT, para criar alternativas de renda

São Paulo – O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, inaugurou hoje (6), no Cambuci, região central da cidade, um centro destinado aos segmentos sociais em situação de vulnerabilidade, que vai desenvolver ao mesmo tempo projetos pautados por direitos humanos e economia solidária, com suporte de uma incubadora pública de empreendimentos voltada ao cooperativismo.

“É uma alternativa que vai contemplar as minorias políticas”, afirmou, destacando a abertura para a inovação dos grupos sociais “que não têm nada a perder”, como os usuários de crack, que participam do programa De Braços Abertos – criado pelo município para oferecer alternativas de trabalho e renda a esse segmento.

Chamado de “Centro Público de Direitos Humanos e Economia Solidária”, o equipamento foi inaugurado com uma exposição de trabalhos de cooperativas, entre as quais foram mostradas as produções de artesanato dos participantes do programa De Braços Abertos.

“Essa é uma iniciativa importante pela reunião da economia solidária com os direitos humanos. Isso é extremamente interessante. Não são a mesma coisa, mas se complementam. E por outro lado São Paulo, em si, é muito importante. É a maior metrópole do país e o que conseguimos fazer aqui basicamente serve de inspiração todo o resto do Brasil”, afirmou o secretário nacional de Economia Solidária do Ministério do Trabalho e Previdência, Paul Singer, destacando que nem por isso as demais regiões do país deixam de ter experiência em empreendimentos solidários. “Temos também muito a aprender com amazonenses, nordestinos, com os indígenas, com os quilombolas”, afirmou à RBA.

Singer considera essencial as iniciativas de economia solidária em um momento em que o país atravessa um quadro recessivo, com recuo de vagas formais de trabalho. “O fato é que o desemprego está aumentando e nós temos de ajudar os desempregados”, disse ao lembrar que o desemprego é um problema global. Ele citou o aumento dos suicídios de desempregados na Espanha: “É uma profunda infelicidade, eu acho que nós temos de imediatamente ir à procura dos atuais desempregados para ajudar se eles quiserem se transformar em ‘autoempregados’, pois não dá para inventar empregos capitalistas para eles. Mas eles podem se organizar e trabalhar juntos.”

Na inauguração do centro, Haddad reafirmou compromisso da prefeitura de fomentar o empreendedorismo em São Paulo. “Nós queremos construir uma legislação que permita alavancar novas cooperativas na cidade, como fomento das compras governamentais às micro e pequenas empresas. Isso vai fomentar o cooperativismo, crédito, moradia, consumo, serviço, é um experimento aberto”, afirmou.

Uma das medidas nesse sentido foi assinada pelo prefeito no dia 5 de outubro, por meio de decreto que regulamenta que licitações de compras até R$ 80 mil pela gestão municipal sejam feitas junto a micro e pequenas empresas. “O sonho é transformar o cooperativismo em uma estratégia de desenvolvimento. Por isso, é fundamental uma política pública que junte todas as secretarias”, afirmou o secretário do Desenvolvimento, Trabalho e Empreendedorismo de São Paulo (SDTE), Artur Henrique.

“Para nós, economia solidária e direitos humanos tem tudo a ver. É o centro de uma disputa de valores pelo respeito, construindo autonomia das pessoas mais vulneráveis. Com esse equipamento, estamos reafirmando os valores que devem pautar as políticas públicas. Isso representa o que o prefeito quer para a cidade, pautado pelo respeito, diálogo e todo tipo de diversidade. É a cidade do futuro”, afirmou o titular da Secretaria Especial de Direitos Humanos (SDH), do governo federal, Rogério Sottili, que assumiu o posto há um mês, durante a reforma ministerial do governo Dilma.