Bolsonarismo

Sob governo Tarcísio, Metrô muda nome de estação Paulo Freire para Fernão Dias

Nome do Patrono da Educação no Brasil, segundo o Metrô era “provisório”. No lugar, estado celebra escravizador de indígenas

Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Tarcísio nunca morou em SP. Em uma entrevista antes da eleição, não soube responder onde votava

São Paulo – Depois que o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) assumiu o governo estadual, o Metrô de São Paulo decidiu mudar o nome de uma futura estação da Linha 2-Verde. A parada do ramal que começa na Vila Madalena e passa pela Avenida Paulista e segue deverá se chamar Fernão Dias. O nome do bandeirante do século 17 substitui o do pedagogo Paulo Freire, reconhecido por lei como Patrono da Educação. Segundo informação de Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, a decisão foi tomada por dirigentes da empresa, controlada pelo Palácio dos Bandeirantes.

De acordo com o Metrô, a mudança seria decorrente de uma pesquisa de opinião com moradores de regiões próximas à futura estação. O levantamento teria sido finalizado no final de 2022. Segundo essa alegação, o nome Fernão Dias teria recebido apoio de 57% dos consultados, ante 29% de Paulo Freire e 14% de Parque Novo Mundo. Entretanto, não se tem notícias de quantas estações do Metrôs tenha sido nomeadas por consulta popular.

“O nome Paulo Freire era apenas provisório para a criação de referências nos projetos, até a confirmação pelas pesquisas”, diz o Metrô, em nota. A estação será localizada na avenida Educador Paulo Freire, próxima da rodovia Fernão Dias, na zona lesta da capital.

Paulo Freire (1921-1997), um dos maiores educadores do Brasil, reconhecido mundialmente, foi alvo de ataques incessantes de seguidores de Jair Bolsonaro desde antes da eleição que levou o ex-presidente de extrema direita ao poder. Tarcísio é reconhecidamente apoiador de Bolsonaro. O nome do educador estava na lista de homenageados no Metrô de São Paulo desde 2013, quando foi anunciada a desapropriação de terrenos para a expansão da linha.

Escravizador de indígenas

Por sua vez, o bandeirante Fernão Dias (1608-1681) partiu em 1674 de Guaratinguetá, no Vale do Paraíba, e dirigiu-se a Minas Gerais. Lá, ele escravizou indígenas e foi conhecido como “caçador de esmeraldas”, em sua saga de exploração. Era considerado o homem mais rico de São Paulo, “dono” de escravos e fazendas.

Tarcísio de Feitas nunca morou em São Paulo. Em uma entrevista antes da eleição, não soube responder onde era seu local de votação, e respondeu apenas “é um colégio”. Natural do Rio de Janeiro, ele morava em Brasília nos últimos anos.

Anda-para

A Linha 2-Verde atualmente liga a estação Vila Madalena, na zona oeste da capital paulista, à estação Vila Prudente, na zona leste, com 14 estações. A extensão prevê a ligação da Vila Prudente até Guarulhos, na Região Metropolitana, passando pela região nordeste da capital. Antes, uma etapa do projeto prevê a entrega de um trecho até a Penha – com mais oito estações – em 2026. As desapropriações para o trecho, começaram em 2014, mas as obras ficaram paradas por seis anos.

O trecho até a parada Dutra, já em Guarulhos, prevê outras cinco estações, entre elas a estação Paulo Freire, com previsão de conclusão em 2028.

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