Esplanada

Educação, direitos trabalhistas e reforma agrária dominam manifestação em Brasília

Servidores, estudantes e integrantes de entidades diversas se concentraram em três pontos e seguiram em passeata até a frente do Congresso Nacional

Mídia Ninja/CC

Como em outras cidades, críticas ao Congresso e ao governo federal predominaram

Brasília – Com bandeiras, faixas e muitos cartazes pedindo, principalmente, a derrubada do projeto que trata da terceirização, o fim do fator previdenciário, a aceleração da reforma agrária e o fim dos leilões do petróleo – itens constantes da pauta de reivindicações –, trabalhadores de diversos setores ocuparam a Esplanada dos Ministérios desde o início da tarde. A manifestação organizada pelas centrais sindicais foi tranquila e sem violência, a partir da concentração dos participantes feita em três pontos distintos.

Desde o início da tarde, manifestantes se concentraram na frente do Museu Nacional da República. Já na frente da Catedral Metropolitana, ficaram aguardando o início do ato estudantes e representantes das caravanas dos outros estados. No trecho próximo ao Ministério da Educação, reuniram-se professores e filiados a sindicatos de servidores públicos do Distrito Federal. Os grupos começaram a sair em passeata por volta das 16h rumo ao Congresso Nacional.

Ao longo do dia, os serviços de transporte público funcionaram normalmente, mediante acordo feito dias antes. Servidores distritais e de vários ministérios também foram liberados do trabalho, para ter a opção de se juntar à passeata.

Apesar da preocupação dos organizadores de evitar palavras de efeito com críticas à presidenta Dilma Rousseff, de forma a fazer com que a pauta representasse a reivindicação de direitos solicitados pelos trabalhadores, o tema não deixou de fazer parte da manifestação. Durante a manhã, representantes da União Geral dos Trabalhadores (UGT) e do Movimento Brasileiro dos Trabalhadores Sem Terra (MBTST) saíram em carros de som pedindo maior atenção por parte do governo e ressaltando que a pauta das ruas observadas nas últimas semanas também está incluída nas reivindicações do movimento.

“Os organizadores pedem para separar as duas coisas, mas não tem como isso acontecer, é o momento do país que nos diz isso”, destacou Ricardo Soares, da UGT.

Invasão do Incra

No Setor Comercial Norte, aproximadamente 500 manifestantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e das Mulheres Camponesas invadiram o prédio do Incra e impediram a entrada dos servidores. Apesar disso, não houve cenas de violência ou confronto. O grupo se afastou da mobilização na Esplanada e permaneceu no local, sendo observado de perto por policiais militares. “Vamos apenas ficar aqui. Não pretendemos fazer bagunça”, frisou o agricultor João Santos.

“Queremos acesso a terras produtivas, comida, assistência à saúde e à educação e assistência à terra. O prédio hoje vai funcionar da forma como está caminhado a reforma agrária no país”, disse a agricultora Lucimar Nascimento. Os integrantes do MST pretendem fazer um pronunciamento pedindo ao governo por reforma agrária até o fim do dia, em frente ao Ministério da Agricultura.

Também é grande o número de barracas instaladas em frente ao Congresso Nacional. Desde o final de semana já estavam montadas várias delas, em sua maior parte, por agentes penitenciários que reivindicam a derrubada do veto presidencial ao Projeto de Lei Complementar (PLC) 87, de 2011. O texto dá direito de uso de arma de fogo pela categoria fora do horário de serviço. Outras barracas foram montadas por manifestantes de vários estados que vieram a Brasília por meio de caravanas montadas pelas entidades.

Na concentração dos professores, o alerta foi para com o Plano Nacional de Educação (PNE), a jornada do piso nacional dos professores e os royalties do petróleo para a educação. “O Sinpro defende o projeto da divisão dos royalties aprovado pela Câmara dos Deputados, que foi prejudicado pelo substitutivo aprovado posteriormente no Senado. O Sinpro também apoia a Pauta Unitária das centrais sindicais”, afirmou folheto distribuído pelos organizadores. “Nossa luta é por salários melhores e educação de qualidade”, acentuou Fábio Albuquerque, docente da rede pública do Distrito Federal.

Pauta unificada

Desde a quarta-feira, representantes das centrais tomaram cuidados para que a concentração não envolvesse questões que ficassem de fora da pauta de reivindicações. “Nossa intenção é trabalhar por uma manifestação pacífica, até porque estamos esperando caravanas com pessoas de fora que vêm reforçar a pauta unificada de lutas dos trabalhadores junto ao Congresso”, acentuou o secretário da Administração e Finanças da CUT-Brasília, Julimar Nonato.

A pauta unitária das centrais nas manifestações inclui nove itens, entre redução de jornada de trabalho para 40 horas semanais, fim do fator previdenciário, 10% do PIB para a Educação, 10% do orçamento da União para a Saúde, transporte público e de qualidade, valorização das aposentadorias, reforma agrária, suspensão dos leilões de petróleo e a rejeição ao Projeto de Lei 4.330 (que trata da terceirização), em tramitação na Câmara.