Violência nas universidades

CPI pode adotar medidas coercitivas para ouvir alunos que resistem a depor

Aluna da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto vítima de estupro presta depoimento no colegiado, na Assembleia Legislativa de São Paulo, na manhã desta sexta-feira

Roberto Navarro/Assembleia Legislativa

Advogado do Show Medicina, João Daniel Rassi (esquerda), e Adriano Diogo debatem ausência de convocados

São Paulo – Seis alunos e ex-alunos da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) se recusaram novamente a comparecer ao depoimento na CPI das universidades, instaurada para apurar violência nas instituições de ensino do estado de São Paulo. Eles eram esperados mais uma vez na audiência realizada na tarde de hoje (19), na Assembleia Legislativa.

Presente à sessão, o advogado do Show Medicina, João Daniel Rassi, disse que a defesa precisa ter acesso prévio aos documentos produzidos pela CPI. Mas o deputado Adriano Diogo (PT), presidente da comissão, informou que a Procuradoria da Assembleia Legislativa colocou os papéis de que fala o advogado à disposição desde o dia 12 deste mês. Para o parlamentar, a atitude da defesa seria “um expediente protelatório”. A conduta dos alunos “é uma afronta à CPI”, afirmou.

Os ausentes, que nos últimos anos foram ligados ao Show Medicina, são Flávio Augusto Miorin, Rodrigo Bolini, Diego Ubrig Munhoz, Gabriel Fernandes Ribeiro, Willian Tetsuo Yamagata e Murilo Germano Sales da Silva. O Show Medicina congrega alunos da faculdade e promove festas nas quais acontecem abusos e trotes violentos, segundo depoimentos colhidos pela CPI.

Embora os deputados estejam evitando adotar medidas coercitivas, a resistência dos convocados – que não são acusados de nada – em comparecer pode resultar em atos legais cabíveis.

“Estamos tentando fazer com que eles venham, para não adotar essas medidas, mas se eles insistirem em continuar desautorizando a CPI, na próxima terça-feira (24) vamos ter que votar um requerimento nesse sentido, para que venham”, afirma Diogo.

A aprovação de requerimento para que tais medidas coercitivas sejam adotadas depende de que a sessão tenha quórum, que se traduz na presença de cinco deputados dos nove membros. As reuniões em que não há votação de requerimentos, mas só depoimentos, não precisam de quórum.

Na manhã desta sexta-feira (20), a CPI ouve o depoimento de uma aluna da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP) vítima de estupro. A reunião será realizada às 10h, no auditório Paulo Kobayashi da Assembleia Legislativa.

Com Agência de Notícias da Assembleia Legislativa