Cidade do capital

‘Construir novas moradias é importante, mas não é suficiente’, diz Boulos

Coordenador do MTST pede por reforma urbana mais profunda para superar a lógica da segregação, que expulsa o trabalhador para as periferias

reprodução/TVT

Segundo Boulos, trabalhador tem direito de morar no centro das cidades e ocupações combatem ‘lógica do muro’

São Paulo – Para Guilherme Boulos, coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), a construção de novas moradias é insuficiente para sanar o déficit habitacional do país. A discussão sobre moradia fez parte de mais um seminário realizado ontem (25) no Instituto Pólis – em parceria com o Centro Ecumênico de Serviços, Evangelização e Educação Popular (Ceseep) – com o tema “A cidade do capital e o direito à cidade”.

É preciso uma reforma urbana , tirando o poder daqueles que hoje comandam as cidades, no Brasil, que são as grandes construtoras, incorporadoras e proprietários de terra”, diz o coordenador do MTST, em entrevista à repórter Caroline Campos, do Seu Jornal, da TVT. Boulos afirma que o processo de especulação imobiliária “despeja diariamente milhares de pessoas”, ou compromete grande parte da renda do trabalhador para o pagamento de alugueis.

O MTST considera o acesso à moradia como um dos direitos mais elementares, mas nas cidades esse direito ainda está para ser conquistado, por conta da lógica da mercantilização, controlada pelo setor imobiliário. O déficit habitacional hoje, no país, é de mais de 5 milhões de moradias. Só no centro de São Paulo, são vários os prédios ocupados.

Para Boulos, a regularização fundiária é uma das alternativas para diminuir esse número, e justificou as ocupações. “As ocupações são necessárias para combater essa lógica segregadora, nas cidades, essa lógica do muro. Pobre na  periferia, rico no centro. Os trabalhadores têm o direito de morar nas regiões centrais.”