estado de emergência

Conselho confirma a morte de mais cinco Yanomami, sendo uma criança de 9 anos

Segundo o Conselho Distrital de Saúde Indígena, morreram uma liderança da comunidade de Surucucu (RO), três jovens e uma criança, todas da região. As causas foram malária e desnutrição

Igor Evangelista/MS
Igor Evangelista/MS
Força Nacional do SUS atende crianças Yanomami na comunidade Surucucu. Garimpo está na gênese da emergência

São Paulo – O presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena, Júnior Hekurari, confirmou a morte de mais cinco indígenas Yanomami nesta sexta-feira (27), na comunidade de Surucucu, em Roraima. Uma liderança da comunidade, três jovens e uma criança de 9 anos, moradores da região.

Segundo Hekurari, as mortes foram causadas por malária e desnutrição. Os corpos não puderam ser resgatados por estarem em local de difícil acesso, próximo a garimpo ilegal.

Até o momento, 53 crianças estão internadas no Hospital da Criança, em Boa Vista, capital de Roraima. Ao todo há 64 pessoas internadas, das quais sete em UTIs.

A situação dos povos Yanomami é tão grave que na Casa de Saúde Indígena (Casai) há fila de espera para atendimento com 700 indígenas. Em geral, apresentam diarreia, desnutrição grave, pneumonia, malária ou picadas de cobra. Conforme o Ministério dos Povos Indígenas, 570 crianças desse povo morreram nos últimos quatro anos devido à desnutrição grave e malária, entre outras doenças.

Povos Yanomami padecem das consequências do garimpo ilegal

Esse quadro, segundo as lideranças, é causada pelo avanço do garimpo ilegal nas terras indígenas. Os garimpeiros trouxeram violência, espalharam doenças, espantaram a caça e poluíram os rios com mercúrio usado na extração de ouro, que também causa doenças.

Diante disso, o Ministério da Saúde decretou estado de emergência em todo o território Yanomami. E destacou uma Força Nacional do SUS para atuar em Roraima. A cada dia, chega a atender mais de 90 Yanomami na Casai de Boa Vista. Ali, pacientes passam por avaliação das equipes médicas, de enfermagem. A estrutura está superlotada e um hospital de campanha está para ser instalado.

“Trabalho com enfermagem desde 2002 e, em toda a minha vida profissional, nunca tinha visto nada que chegasse ao menos perto da situação que presenciamos nesse campo. Ficamos uma semana lá e todos os dias vimos casos impactantes. Quando descemos da aeronave e colocamos o pé em solo, já na chegada, encontramos uma família com pai e mãe desnutridos levando para atendimento cinco crianças também com quadro grave de desnutrição”, relatou ao Ministério da Saúde a enfermeira July Branco, 41 anos, que está em Roraima desde o dia 15 de janeiro.

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Redação: Cida de Oliveira


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