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Entidades lançam campanha para pautar a mobilidade sustentável nas eleições

Iniciativa pretende contribuir com programas de governo de candidatos a prefeituras e câmaras de vereadores

Rovena Rosa/ EBC
Rovena Rosa/ EBC
Candidatos têm que "parar, ou pelo menos desestimular, o investimento em transporte individual. É uma mudança necessária", aponta coordenador de Mobilidade Urbana do Idec

São Paulo – Entidades e especialistas em mobilidade urbana estão cobrando de candidatos às prefeituras e às câmaras de vereadores diretrizes e maiores investimentos em infraestrutura para o transporte coletivo e para os cidadãos que circulam a pé ou com bicicletas. A Campanha Mobilidade Sustentável nas Eleições 2020 busca promover iniciativas para qualificar mais o setor e o debate no pleito municipal deste ano, dentro do ponto de vista econômico, social e ambiental.

A plataforma é de autoria do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Associação pela Mobilidade a Pé em São Paulo (Cidadeapé), organização Como Anda e a União de Ciclistas do Brasil (UCB). 

Desde que foi lançada, em agosto, a campanha vem ganhando a adesão de muitos candidatos, segundo o coordenador do programa de Mobilidade Urbana do Idec, Rafael Calabria. A ação, que segue até 28 de fevereiro de 2021 – quando será publicado um relatório final – vem avaliando os planos de governo. Em um balanço inicial, Calabria comenta em entrevista a Glauco Faria, no Jornal Brasil Atual, que, na cidade de São Paulo, por exemplo, há avanços na qualidade das propostas em relação ao último pleito municipal, em especial na modalidade das bicicletas e também sobre o transporte integrado à região metropolitana. 

Avaliação dos planos

“Temos cobrado que os planos tenham diretrizes, mostrando que o candidato vai mudar a lógica, investindo mais em infraestrutura para o transporte coletivo e na modalidade a pé. E parar, ou pelo menos desestimular, o investimento em transporte individual. É uma mudança necessária”, aponta o coordenador. “Os programas do (Guilherme) Boulos (Psol), do Jilmar Tatto (PT), da própria Marina Helou (Rede) têm muitas questões nesse sentido”, indica. 

“Mas também conseguimos achar alguns candidatos mais de centro e centro-direita começando esse debate. É importante a pauta avançar e evitar propostas tão ruins como a do governo Doria, no caso da EMTU.” Calabria se refere ao Projeto de Lei (PL) 529, aprovado nesta semana, que estabelece a extinção, entre outras companhias públicas, da Empresa Metropolitana de Transporte Urbano, o que deve prejudicar a gestão do transporte público em regiões metropolitanas do estado de São Paulo. 

Medidas sustentáveis

Com boa parte dos planos avançados, o coordenador do Idec destaca que é importante haver um consenso mínimo para evitar descontinuidade de planejamento e investimentos e garantir maior estrutura para o transporte público das cidades.

“Estamos cobrando esse investimento, mas, considerando a crise que vivemos na pandemia, propomos também aos candidatos soluções mais baratas. Como o exemplo que a gestão (de Fernando) Haddad deixou aqui em São Paulo, avançando bastante na elaboração de faixas exclusivas de ônibus e ciclofaixas, muito mais baratas do que corredores, obras viárias e que garantem para o usuário uma velocidade maior e pontualidade do sistema”, pontua. “Temos falado muito que quem está empenhado, com vontade política de melhorar a vida dos cidadãos, para adotarem soluções mais rápidas e fáceis enquanto não consegue fazer os corredores”, finaliza o especialista em mobilidade. 

Confira a entrevista

Redação: Clara Assunção. Edição: Glauco Faria


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