TRUCULÊNCIA

Defensoria presta atendimento a familiares das vítimas de Paraisópolis

Órgão vai analisar medidas cabíveis, como pedidos de indenização e acompanhamento psicológico. Confira quem eram as vítimas fatais

Wikimedia Commons
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Paraisópolis foi palco da ação truculenta da PM em um baile funk no fim de semana: entidades de defesa de direitos querem apuração das responsabilidades

São Paulo – A Defensoria Pública do Estado de São Paulo afirmou hoje (2), em nota, que vai prestar atendimento aos familiares das vítimas fatais da tragédia ocorrida na madrugada de domingo em Paraisópolis, zona sul de São Paulo, quando por meio da ação truculenta da Polícia Militar nove jovens, quatro deles menores, morreram pisoteados durante um baile funk. Outros 12 jovens ficaram feridos.

“Além disso, está sendo organizado para os próximos dias um plantão de atendimento da Defensoria na própria comunidade afetada, voltado aos moradores locais. Esse plantão ocorrerá no CEU Paraisópolis, quinta e sexta-feira (dias 5 e 6), entre 10h e 19h”, informou a defensoria.

Após esses passos iniciais, a Defensoria irá analisar as medidas cabíveis, incluindo eventuais pedidos de indenização e de atendimentos psicológicos, sem prejuízo do acompanhamento das investigações e apurações já em curso sobre o episódio, marcado por abuso de autoridade por parte da PM.

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O Núcleo Especializado de Cidadania e Direitos Humanos da instituição acompanha outros casos em que intervenções policiais em festas de rua levaram a lesões graves e permanentes. Além disso, o órgão é responsável por uma ação civil pública, ajuizada em 2014, em que pede que a Justiça determine uma série de medidas para coibir excessos por parte de policiais em manifestações públicas, incluindo manifestações culturais. Depois de uma sentença favorável em primeira instância, o caso aguarda julgamento de recurso de apelação pelo Tribunal de Justiça.

Os nove mortos durante uma ação da Polícia Militar eram jovens e quatro garotos, menores de idade. A idade das vítimas não ultrapassa os 23 anos. Eram oito homens e uma menina.

Cobrança ao Ministério Público

A organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch também se manifestou em solidariedade ao luto das pessoas mortas e feridas. E cobrou que o Ministério Público a grave ocorrência: “O Ministério Público tem competência e obrigação constitucional de exercer o controle externo sobre o trabalho da polícia. Desta forma, deve garantir uma investigação rápida, completa e independente sobre qualquer abuso e uso excessivo da força nesse caso, bem como sobre os ferimentos e as mortes. O Ministério Público do Estado de São Paulo deve também iniciar sua própria investigação independente sobre a motivação, o planejamento e a execução da operação da polícia militar em Paraisópolis.”

Confira quem eram os jovens mortos

Marcos Paulo Oliveira dos Santos, 16 anos

Morador do Jaraguá, na zona norte de São Paulo, foi a primeira vítima a ser reconhecida. A família não sabia que o jovem tinha ido ao baile, já que Marcos disse que sairia para comer uma pizza com os amigos.

 

Denys Henrique Quirino da Silva, 16 anos

Morador de Pirituba, zona oeste, estudava e trabalhava com limpeza de estofados e sofás. A família do adolescente contesta a versão da PM de que Denys morreu ao ser pisoteado. “Depois de ter visto o corpo do meu filho, tenho certeza de que ele foi assassinado. Meu filho não foi pisoteado. O rosto dele está intacto. Foi a primeira vez que ele foi a esse baile. Foi a viagem para a morte”, disse Maria Cristina Silva, mãe do garoto, ao jornal Agora São Paulo, após reconhecer o corpo do filho no IML.

Dennys Guilherme dos Santos Franca, 16 anos

O adolescente era ex-aluno da Escola Estadual José Talarico, no distrito de Vila Matilde, na zona leste, e, segundo informações de suas redes sociais, estudava administração na Universidade Paulista (Unip). Dennys publicou sobre a ida ao baile: “Hoje eu tô inspirado, vou mandar o magrão de esquina a esquina e dar um tapa na cabeça da sua vó, não quero saber de nada, meninas hj o pai vai tá online, vou surfar mais que o Medina.”

Gustavo Cruz Xavier, 14 anos

O mais jovem entre as vítimas, morava com a família no Capão Redondo, também na zona sul. Segundo apuração do portal UOL, a família do adolescente o teria aconselhado a não ir ao baile por questões de segurança.

 

Gabriel Rogério de Moraes, 20 anos

Morador de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo, teve seu corpo reconhecido pelos pais no IML. Será velado no Velório Cristo Redentor, em Mogi.

 

 

Mateus dos Santos Costa, 23 anos

O mais velho entre as vítimas, nasceu na Bahia, chegou a São Paulo há oito anos e residia em Carapicuíba, na Grande São Paulo. Morava sozinho e trabalhava vendendo produtos de limpeza.

 

 

Ainda estão entre as vítimas: Bruno Gabriel dos Santos, 22 anos, de Mogi das Cruzes, Eduardo Silva, 21 e a única menina, Luara Victoria de Oliveira, 18 anos.

*Com informações da Carta Capital

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