outra postura

Tribunal de Justiça de SP lança programa para homens envolvidos em violência doméstica

Reflexivo e educativo, grupo pretende fazer com que homens agressores repensem práticas violentas contra as mulheres

arquivo/EBC

Em grupo, homens serão chamados a repensar estratégias de resolução de conflito sem o uso da violência

São Paulo – O Tribunal de Justiça de São Paulo lança hoje (15), no Fórum Regional do Butantã, zona oeste da capital paulista, lança programa para que homens envolvidos em violência doméstica reflitam e revejam as posturas adotadas na resolução de conflitos.

O Cá entre Nós – Grupo Reflexivo e Educativo para Homens Envolvidos em Situação de Violência Doméstica – é uma iniciativa das juízas Tatiane Moreira Lima, do Fórum Regional do Butantã, e Ana Paula Gomes Galvão Vieira de Morais, do Fórum Regional de Santo Amaro.

Segundo a juíza Tatiana Lima, a iniciativa surgiu após constatação de que enquanto as mulheres vítimas contavam com programas de proteção e rede de apoio, e eram obrigadas a percorrer périplo por delegacias, fóruns e Instituto Médico Legal (IML), os agressores ficavam desobrigados de maiores responsabilidades.

Outra motivação é que os agressores, após o rompimento conjugal com a vítima, constituía novo relacionamento e voltava a reincidir nas práticas violentas. As mulheres, por sua vez, sofrem por até oito anos, em média, até decidir pela denúncia do parceiro violento.

“Daí surgiu essa necessidade de chamar os agressores para que eles reflitam sobre suas atitudes, para que possam também pensar no papel do que é ser homem e como resolver os conflitos sem usar a violência”, afirma a juíza Tatiana Lima em entrevista à jornalista Marilú Cabãnas, da Rádio Brasil Atual.

Segundo dados do Mapa da Violência de 2014, 80% das mulheres agredidas tinham filhos e, em 64% dos casos, as agressões ocorriam na frente das crianças. “A violência contra a mulher não é só contra a mulher, é uma violência contra a família como um todo”, aponta Tatiana.

Foram selecionados para o projeto homens que incorreram em agressões leves ou ameaças, e que não são reincidentes. Os envolvidos participaram de 12 encontros coletivos, um por semana, que serão mediados por psicólogos e assistentes sociais.

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